terça-feira, 30 de novembro de 2010

Bobagem.

Já deixei muita gente pra trás por ser efusivo demais pra ajudar os outros a levantar. As pessoas foram caindo, mas algo sempre gritou pra que eu continuasse. Era como se minha consciência me dissesse que não valia a pena ajudar os outros. Continuei e agora sei que é estafante ter tão poucos pra me acompanhar. Tenho mania de pensar que todos sentem a mesma coisa que eu. SEMPRE. Se estou alegre, todos devem estar. Se estou triste, a alegria dos outros me parece uma mentira, bem ou mal, mascarada. Felizes mesmos são os que escondem o sofrimento.

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Sinto uma atração latente por palhaços. Sofridos, fazem piada da própria agonia. Ícones admiráveis.
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A gente sofre e põe a culpa no coração. Ele, inocente, pulsa para nos manter vivos. Choramos achando que assim o descontentamento pode ir embora, mas ele é descontente, desocupado, vive em função de perturbar a nossa paz. Por vezes, quando nossos olhos não aguentam mais o transbordamento da nossa dor, enlouquecemos e a nossa voz volta a ser ativa e gritamos ao mundo que os nossos batimentos são desnecessários. Quão aquecidos éramos antes deles?

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Nossos amores perfeitos são caretas no retrato, a tinta pra pintar os quadros, a essência, a demência, chamados de urgência e a chantagem. Nossos amores são qualquer bobagem
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E então a gente conhece alguém que nos traz um sentimento tão forte, daqueles que têm vida e a certeza de quem não precisam fazer nosso coração pulsar mais rápido. No fundo, uma pessoa dessas vem para nos acalmar, pra fazer o tempo passar tão rápido, de modo que os momentos deixam de ser aproveitáveis. O coração cede seu lugar e, assim, deixa de ser o maior dos problemas.

Este texto é dedicado a uma pessoa.

sábado, 27 de novembro de 2010

Os ponteiros da minha mente.

"Minha mente está tão confusa esses dias, imagino tudo que não se deve imaginar, imagino eu mesmo no mesmo lugar..."

Quando você está distante, entra em conflito a sua mente e seu coração sobre a mesma pergunta, será que realmente alguém se importa com isso?

E de todas as questões, essa é uma das mais cruéis. Apesar de tudo, vivo constantemente me perguntando isso...

Alguns fatos recentes me fizeram ficar assim, tão frio e sozinho que lamento pelo meu sorriso falso, eu não tenho a intenção de faze-lo.
Pensei sobre um amigo, uma pessoa próxima, que por fatos adversos se matou, chegou ao limite de sua existência, e não pense que eu já não achei isso uma opção, só nunca soube ter tanta coragem para executa-lá.

Escutei pessoas falando que não há justificativa ou razão para tal, esquecem talvez que pessoas são mais que justificativas e razões e que não é através disto que você ganha um grande amor, ou até mesmo uma decisão na sua vida.

Todo mundo esquece que todos nós somos o que nos permitimos ser, e que cada um terá o seu limite, não procure saber as razões dele, procure saber as suas para ajuda-lo, quando que todos vamos tentar parar o próprio choro dentro dos nossos corações?
De que vale tudo, de que vale? Você sabe me responder o motivo de eu estar chorando por isso?

Não esconda o que você quer fazer hoje, não descarte a vida de um modo tão simples, apenas para tentar mostrar que o mundo está errado, ninguém merece tal sofrimento.

Acho que todos tem suas razões e justificativas, talvez não sirva pra mim ou pra você, mas serve para ele, e nada mudará o que está feito!

Triste pensar que todos nós só acreditamos no que é feito pelo sensato, esquecemos o que é feito pelo coração, e o que é feito com sinceridade, se isso um dia chegar a se perder não haverá a tal "razão" ou uma "justificativa" sensata para se viver...

Tempo Livre.

Eu trabalho como colunista de um jornal, faço meu horário, não tenho obrigações ou prazos pois os meus textos são os melhores e sou insubstituível. Não estou me gabando. Na verdade, eu nem gosto disso tudo. Sou infeliz e passava a maior parte do tempo sentando no sofá vendo televisão, e isso continuaria da mesma forma, não fosse meu pai obrigando-me a "ocupar o tempo livre com uma atividade produtiva". Então eu fui pra rua, mesmo sem saber o que aquilo queria dizer. Tempo ocupado, em tese, não é um tempo gasto com produtividade? Eu perdia o tempo da minha vida com textos, livros e filmes. Eu não tinha namorada, não tinha ninguém. O que deveria ser o certo então?

Aprendi a beber, deixei o cabelo crescer, mas não fui trabalhar. O meu novo lar, naquele momento, era o bar, e lá eu conheci muita gente bacana. O vazio ainda me dominava, porém eu podia preenchê-lo com bebida. E foi assim até o dia em que ameaçaram meu expulsar de casa por não estar vivendo a vida nos conformes impostos por eles. Mais uma vez meu pai dizendo merdas que ninguém é capaz de entender.

Vim morar num banco de praça e eu gosto de ficar sentado aqui, matando o meu tempo livre observando as pessoas. Para sobreviver eu preciso escrever no mínimo dois textos por semana, o que resultava na explosão dos meus neurônios. Não tenho mais cabeça pra pensar, não tenho mais voz pra falar, não tenho nem mais ouvidos para ouvir o que os outros têm a dizer. Tudo que me restou foram meus olhos e são com eles que eu tenho por perto o que me impressiona.

Os tempos são difíceis e a minha vida, se não perdida, foi para bem longe ver navios com a desculpa de que ia comprar cigarros. É como comprar um ingresso que dá passagem a minha vida e encontrar, do outro lado da catraca, uma fila que me impede de viver meus sonhos que bem lá no fundo eu nem sei quais são.

Eu passei a observar pessoas compulsivamente e isso é tudo o que me faz bem. Amo observar as intimidades que temos com desconhecidos. Caminhamos na mesma direção e para evitarmos uma colisão, passamos a estudar os movimentos do outro. Por frações de segundos, nossos olhos revelam todo o desespero que pode caber dentro de alguém.
"Qual é o problema de esbarrar em alguém?" - Eu costumava pensar assim.

Não quero mais esbarrar com as pessoas erradas.
O que isso tudo quer dizer? Eu não sei.

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Clarisse.

Sempre há uma desafinação que rompe o silêncio, mas o que se propagava não eram notas desafinadas ou mal tocadas, eram os soluços de Clarisse; soluços tais que os pedestres, em meio ao caos do trânsito diário, podiam ouvir cada acorde suplicante; suplicava, diferente de todos os outros, por qualquer coisa nova, por qualquer estabilidade.

Clarisse caiu ao chão em tempo de flores, abandonada no jardim inglês da vizinha, onde ela esperava por uma primavera capaz de curar as tristezas que corroíam o seu interior oco de violão. Passou a tocar notas aleatórias, tentando chamar atenção de algum novo amor.
Clarisse era um violão e fora abandonada por seu músico depois de oito anos juntos.

E, assim como nós, um choro percorre todo o interior oco de um instrumento quando as coisas não estão certas. Basta a morte de seu compositor, basta a morte do amor. A única é diferença é que os instrumentos continuam a cantar, pois sabem que o amor nunca morrerá.

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Bola de Sabão.

Demorou quatro dias, quatro longos dias pra ficha cair e eu perceber que nunca mais veria aquele sorriso na minha frente. O pior não era viver sem os sorrisos. Na verdade, o que me cortava o peito de uma ponta a outra era o fato de nunca mais ouvir a voz agitada durante as conversas ou até mesmo a cantoria que rolava sempre que o assunto acabava.

E agora eu sinto como se o arrependimento não passasse. Eu lembro das tardes em que matávamos aula para dormir nos gramados perto da escola e ela levava um copinho com detergente e um canudo para poder fazer bolinhas de sabão. Lembra que você dizia que queria ser livre com uma bola de sabão?
As coisas são engraçadas do jeito que são. O que agora é rotineiro e incomoda não tardará a passar, bastando apenas adicionar à receita uma pequena pitada de paciência; Paciência que não vem.

Eu e vida estamos brigados de nada desde que Ana Luíza partiu. Assim, no maior estilo jardim de infância, estamos brigando. Ela tenta me atropelar e, se fossem um pouco mais longos os meus momentos de desatenção, eu não sairia ileso. Vou pintar uma faixa de pedestres no meu coração.

Eu tento, tento muito. Tudo está longe e parece não valer a pena. Ou talvez tudo não esteja valendo a pena por parecer assim, tão longe.
A vida é frágil, bela e efêmera. Assim como as bolas de sabão.

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Encerramento.

Deixei a barba crescer e os fios que me tomam o rosto lentamente perderam o ar de puberdade. O lóbulo, lentamente, foi alargado e o cabelo excessivamente grande e sem corte perdeu o lugar para um mais curto e bagunçado. As mutações físicas que sofri durante esse um ano que se passou pode às vezes passar despercebida, mas ela existe. Mudanças psicológicas eu também tive; drásticas, daquelas que te fazem ser irreconhecível. Passei a escrever mais e transformei todo aquele sofrimento numa melancolia mais tenaz, verdadeira e obscura. Ainda há muito de mim em tudo que eu escrevo. Ainda há muito do que eu escrevo em tudo que eu vivo ou viverei.

Eu andei falando sobre notas tocadas erradas, garotas certas com aspectos errados, gritos surdos, sussurros agonizantes, caminhos sinuosos e bifurcações que não levavam a lugar nenhum. Falei de verso em prosa e a prosa virou a poesia; poesia que, nesse meio-tempo, guardei no meu coração e faço o que posso para não meter minha mão peito adentro e arrancá-la de lá até não sobrar nada dentro de mim, apenas essa pulsação que por enquanto parece eterna.

Vejo coisas minhas e elas simplesmente não parecem mais minhas. Antes de morrer eu gostaria de saber se esse coração, pulsando involuntário, ainda é meu.

Peço as mais sinceras desculpas, mas por ora eu preciso de uma lobotomia, embora isso não me livre de viver. Talvez eu não tenha mais histórias pra contar.

Sim, isso é o fim (no mínimo é o prenúncio).

Felicidade.

"Em uma história se pede o "começo", "meio" e "fim". E quando eu não quiser escrever o começo e partir do principio que o final é indiferente?"

Olhando cada passo que eu dou e cada olhar que eu vejo, encontro o pouco das falas que não são ditas, as pessoas são o limite da balança entre felicidade e esperança.
Fui roubado a tempos por um olhar, fui roubado a tempos por uma esperança e a felicidade ainda está sugando meu coração...

As pessoas não sabem medir, muito menos resumir sentimentos, por um caso de desespero inventaram a fala e a escrita, que mesmo com isso, não conseguem chegar ao ponto de esclarecer tudo, nem o meio de tudo!

Corações que batem em sincronia, palavras que mesmo escolhidas não conseguem resumir, aquela falta de ar, aquele batimento acelerado do coração, todos os movimentos involuntários e sem razões especificas que reagem a apenas um: "Obrigado por existir."

Quando é que todos irão entender que não importa o motivo, muito menos a razão ou até mesmo o peso daquilo que é dito. O importante é a vontade, a capacidade de lutar de acreditar que é possível e que não há motivos de não estar ali, no momento único, que será lembrado como seu, meu e nosso!

Cada pedaço, cada pequeno detalhe que você passa, cada sincero e corajoso "eu te amo" que você diz, cada momento que passar e olhar, não saberá resumir, nunca irá ter certeza de tudo, ainda ficará encabulado, ainda sentirá o mesmo calafrio e não deixará de ser real, não deixará de ser sincero!

Hoje, o claro ainda pode vencer o escuro, e a vida, pode-ser melhor que ontem, não há sentido maior que isso, não a vontade maior que a minha sobre a sua, apenas aquele mesmo olhar, apenas aquele mesmo beijo!

Não existe razão, não existe sentido, há apenas a forma de ver e aceitar que aquela pode-ser apenas a sua oportunidade, talvez, apenas o modo de mudar tudo que você planejou ou que você pensa ter planejado, e que as canções, poemas e versos sempre tentaram resumir!
Quantos mais? Quantas mais? E sem hipocrisia, gritem, chorem, amem, escutem, falem e acima de tudo! Procurem por sua unica e verdadeira felicidade...

domingo, 14 de novembro de 2010

Mardi.

Moro na França há 2 anos e é difícil. Deixei o Brasil por acreditar que lá era impossível viver de arte, mas aqui eu trabalho na rua. Sou jovem, vim pra cá recém-emancipado e agora estou prestes a fazer 21. O dinheiro nunca veio mas está tudo bem, eu nunca soube o que é isso mesmo. Sempre odiei esse papel que nos diz quem tem poder ou não. Ninguém pode escolher ter poder, o poder é que escolhe a pessoa e esse, definitivamente, não me escolheu.
Sobrevivo como posso. Vendo livros com as poesias que eu escrevo, vendo telas que eu pinto e aos finais de semana eu ganho alguns trocados (às vezes muitos, depende da temporada) tocando violão ou o acordeón na praça em frente ao teatro. Foi por lá que eu conheci a mulher que mudou minha vida para um tormento sem fim. Era fim de tarde e o exército inglês tinha ganhado a guerra, o clima estava melancólico por toda a França, nunca entendi esse ódio babaca que têm pelos ingleses, no fundo deveriam estar felizes por mais uma guerra ter acabado, mas o orgulho era maior. Eu estava sentado no banco da praça fumando um cigarro após o café-com-pão que a dona da padaria me oferecia todos os dias. O violão descansava aos meus pés quando a moça sentou-se ao meu lado, ela era mais velha e eu sempre tive essa adoração por mulheres mais velhas.
A voz era rouca, provavelmente devido a tantos cigarros, e me pedia para tocar uma música nova, que ela não conhecesse. Toquei todo o repertório que eu sabia.
- Merci beacoup, garçon, très bien.
Ela me disse o seu nome. Amélie. O nome me lembrava um filme que eu havia visto na infância com a minha irmã. Senti-me terrivelmente nostálgico, mas lembrei que minha irmã jamais gostaria de me ver daquela maneira. Ela sempre me dizia sábias palavras e em todos os momentos problemáticos ela estava bem na minha frente para esbofetear a minha cara.
Amélie me ofereceu um chá e eu pensei estar na Inglaterra. Fui dar uma volta em Penny Lane, vi um barbeiro mostrando, honrado, as fotos de sua família. Estive em muitos lugares, mas quando acordei o banco da praça estava vazio e eu jogado a esmo.
Nunca entendi o que aconteceu. E por enquanto eu escrevo cartas e poesias que ninguém vai ler.
Sou órfão do amor e da arte. E suplico para que todas as pessoas de coração partido concordem comigo: Precisamos aprender que as coisas boas não estão nas pequenas nem nas grandes coisas da vida. Elas, no fundo, estão nas pessoas que passam por nós e reduzem os nossos sentimentos a pó.

terça-feira, 9 de novembro de 2010

As marcas mais sinceras!

Sobe o piso de mármore, aquele silêncio do meu quarto toma conta dos meu pensamentos novamente.

Quantos anos já se passaram?
Nem lembro quando foi a última vez que eu vi alguém sorrindo pra mim.

Mudando todos os meu moveis de lugar, parece tão divertido fingir que me importo onde cada coisa está!
Percebo o quanto minha familia me acha estranho, e o quanto a sociedade me despreza, acho que não sou o único...

De tempos em tempos nada muda, sempre o mesmo código, sempre o mesmo modo de viver.
Quantos anos se passaram mesmo?

E nesse modo fútil ninguém resolve nada, e o mesmo medo ainda está aqui, pessoas desinteressadas, pessoas malvadas...
O gosto daqueles sorrisos era tão diferente, o olhar era tão vivo.
Quando eu sonho parece que ainda posso senti-los sorrindo para mim! Ou será que realmente sinto?

Particularidades, quem foi o louco que inventou isso? Quem foi o violador da verdade humana? A unica particularidade que temos é o nosso nome, pois a partir do que agimos está a nossa quebra desse ditado.

Queria ser tão normal quantos os outros, só que não aceito ver o mundo de um modo tão simples e as pessoas de um modo tão vulgar, acho que está tudo errado, e acho que está tudo certo ao mesmo tempo, vale a pena ainda sonhar?
Você saberia me responder essa pergunta?

Quantos corações ainda batem por um verdadeiro amor, quantos adolescentes ainda sabem o que é amar de verdade, benditos aqueles que amaram uma vez! E por essa vez, fizeram por amor suas escolhas!

De todo modo estamos aqui, de todo modo ainda podemos agir, então pergunte a si mesmo:

"Quantos anos já se passaram desde o fim?"


segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Acidez.

Ali estava eu, na plateia, chapado de alguma coisa que eu nem sei o que era. Todos os artistas circenses caíam de tantos rir e eu junto ria, confuso. Demorou até eu perceber que eu era a única pessoa na plateia, exceto pelo cara que parecia um morcego que estava o meu lado. Ele me olhava, ele me julgava.
- Ei homem morcego, não está na hora de salvar o mundo?
- Há muito tempo que parei de tentar salvar o mundo.
- Por quê?
- Ninguém nunca quis entrar na brincadeira. Uma hora a gente enjoa de bater sempre na mesma tecla, ainda mais quando a gente tá desacompanhado. Todo mundo tá preocupado com o lucro pessoal, todo mundo quer mais dinheiro, todo mundo quer mais parquímetro. Sinceramente, eu tenho medo de um dia tentarem privatizar o oxigênio. Imagine só: Indústria do oxigênio. Não estamos longe disso.

O homem morcego pegou um ônibus, o qual ele mesmo dirigiu, dizem que era um ônibus amarelo, daqueles de escola. Foi para a Costa Sul ver o mar, procurar as pequenas belezas que existem em cada grão de areia do mundo esquecido: O mundo natural. Você podia perguntar o que ele estava fazendo quando o visse às quatro da tarde correndo pela praia trajando um terno vermelho e uma gravata verde que exalava fumaça. A sua resposta sempre seria:
- Eu vou pra algum canto qualquer, procurar algo pelo qual vale a pena viver. Eu vou viver o amor e morrer quando dele enjoar. Pretendo largar toda essa vida cibernética e modernéti que as pessoas andam levando hoje em dia. Eu não gosto dessas paradas não, eu sinto como se tivesse que carregar o peso do mundo nos ombros só ao entrar no twitter e ver comentários superficiais de garotas de 13 anos de idade que só querem se declarar para o ídolo juvenil do momento; Ídolo tão importante para elas que em dentro de 5 meses será substituído por outro. As pessoas estão esquecendo de pensar. Eu me pergunto como pretendem viver sem pensar.

Uma vez disse o palhaço do circo: "O homem morcego sempre tem razão".
No circo parece que a gente entra em outra realidade. Por lá a gente não precisa ser quem a gente é. E a melhor coisa do mundo é ser palhaço, é dar alegria, é usar ácido e se perder em meio a tantas cores no céu de diamantes. A boa coisa da vida é você sair pra procurar o homem morcego pra depois de 30 anos se decepcionar e descobrir que o homem morcego é um estado adormecido dentro de você. O homem morcego é o estado da razão.

sábado, 6 de novembro de 2010

Planos...

Acho que agora não tem volta, sabe quando você percebe que está perto da porta de saída e logo rever tudo que aconteceu? E o plano que passou na sua cabeça logo se tornou algo disperso da sua realidade e jogado fora da sua compreensão. Mesmo assim você ri, e logo chora por não saber diferencia todo aquele sentimentos de distancia e desentendimento. Por fim você não sabe o que fazer, e acaba se destruindo cada vez mais...

Desse modo a ilusão é algo tão ruim quanto as batidas do meu coração que sempre seguem o passo da minha mente em sua direção.
Quantas coisas eu saberia dizer quando tudo estivesse em silêncio.
Uma expressão errada nunca foi o que me deu medo, nunca soube resumir que você quis dizer com saudade, se além dessa pequena forma de sentimento você demonstrava sua destruição.

Quantos sentidos tolos temos, quantos sentidos tolos eu tenho.

Naquela tarde eu liguei o chuveiro só para sentir a água cair, só para sentir como é estar vivo, e de toda a minha melancolia aquele momento foi o mais incompreensível, afinal o que faz um ser amar tanto o outro?
O que faz um beijo ser tão importante?

Ainda sim terminei o dia, e ainda sim terminei mais uma parte da minha vida...

Coração de pirata.

O barulho ensurdecedor a me acordar àquela manhã era ela, perturbada como sempre, ouvindo as músicas francesas, barulhentas e habituais que eu insisto em não aprender o nome. O que importa era a presença que eu tinha próximo a mim. Queria que pudesse ficar ali o resto do dia, mas logo ela teria ido e as próximas 13 horas seriam tão longas quanto a eternidade que estou fadado a passar, a sete palmos do chão, sendo comida de verme.

Levantei. O rádio ligado na sala, sozinho, parecendo gritar para que alguém o ouvisse. Às vezes gosto de imaginar que os objetos sentem as mesmas coisas que eu. Da cozinha, saía a fumaça. Não sabia se vinha do Marlboro Light que ela fumava ou dos ovos gritando na frigideira. Ela me encarava, as tatuagens pareciam combinar com os cabelos loiros, causando um exercício novo para os meus olhos, quase insuportável. Encará-la era uma tarefa difícil, uma simples troca de olhar resultava numa noite sem sono e eu gostava daquilo, gostava de doar toda a minha mente a ela.

Eu vivia em um devaneio, um delírio qualquer da mente de um louco que pensa que faz algum sentido ou nexo. Por enquanto eu tento não pensar no problema de fazer sentido, já que eu posso acordar com as coisas que mais amo no mundo: cigarros, ovos mexidos e Beatriz. Dizer 'tento não pensar' é até errado quando sei que sempre vou perder os pensamentos ao ouvir:
- Bom dia, dorminhoco.

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

O que eu chamo de desprezo.

Por quais motivos estou tão preocupado com todos?
Será que só eu quero me preocupar?

Nossa, eu vejo cada lixo humano vagando sem sentido ou moral pelo mundo, tanto desprezo em seu corpo, que até a sua alma não aguenta mais ser ferida.

Eu não consigo aceitar nada, nem o que é divido entre a mídia e todo o mundo de clichês que são jogados e aceitos em nossas vidas.
Estou tão jogado ao tempo que parte de mim termina no próprio começo desregulado.
Minha mente não suporta mais nem um segundo.

Quando você chega ao fundo do poço os detalhes se tornam tão perfeitos e tão notáveis que nem a escuridão conseguiria remove-los...
Falam que ninguém merece o fardo de levar o mundo em suas costas, mas todos sabem apontar os culpados em torno de si, acho que isso não está certo, até pelo fato de ninguém mudar absolutamente nada no seu cotidiano.

Sempre me dizem que estou errado, sempre me falam que não é desse modo que devemos pensar sobre a vida, qual é a forma? Qual é o sentido? Onde está o certo para me provar o contrário? Quantos são necessários para mudar o mundo se não todos nós?

Não queria escrever por erros, queria escrever pela vida que desperdiçamos cegamente todos os dias, que um abraço amigo já me bastaria pela manhã, que um sorriso simples já alegraria minha vida por anos, acho que estamos caindo no poço juntos, e não é de agora, não é de momento.

Já cansei de tentar fazer por onde, hoje eu estou fazendo por aqui, por agora, por valer o que eu quero, e não o que falam que é o certo, hoje vamos mudar, hoje vamos fazer pelo certo! Hoje não seremos a escória não aceito o sim, eu quero a certeza, eu quero todos vocês ao meu lado!

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

K.

O despertador estava desregulado e eu não percebera, num súbito pulo eu acordei às 20h02 para notar que eu sonhava a mais de 12h. Ela tinha 20 anos e me contava os seus feitos de forma tão intensa que só aumentava mais a vontade de ficar observando-a por uma ou duas eternidades, sem cansaço ou enjôo.

- Cansei de morrer na vida das pessoas, resolvi matar também. - Ela soava doce apesar das palavras que dizia; palavras tais que proferiam maldições a todos os corações que passavam pelas mãos dela, embora eu achasse que fosse da boca pra fora. Mais alguns momentos e ela poderia me matar.

Eu cheguei um dia acreditar que teria as mesmas pessoas pra sempre.
Passei muito tempo pensando novas maneiras de reescrever o que já estava certo. Meus sentimentos eram sempre os mesmos, então por que reescrevê-los a cada 5 minutos? Eu tinha esperanças de que a dor pudesse passar. Aquilo me fazia querer matar os outros também.

A gente acorda com vontade de matar todo dia, desde que estejamos em depressão. A gente pensa poder matar o presidente, a aula, qualquer um, mas assim a gente só está colaborando para a nossa própria morte.

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Mais uma vida sem você em mim
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A felicidade só pode ser uma arma que, disparada e mirada para qualquer direção, nos traz sempre as mesmas mazelas. A felicidade plena só existe quando acertamos que nós esperamos (ou qualquer desconhecido muito interessante). A felicidade, afinal, é ou não é uma arma quente? É quente, pois acertamos alguém.
A gente tenta atirar em todos aqueles que nos fascinam, mas eles sempre escaparão. No fim, só vai restar saudade.
Sinto saudade.