Quando a solidão te enlouquece.

Rio, 18/02/2010

Exatamente 4:30 da manhã. É estranho ficar aqui, pois todos dormem. Estou na varanda. Olhando os outros prédios na procura de uma luz acesa, na procura de alguém como eu, mas estão todos apagados. Sinto-me sozinho. Não que eu não esteja acostumado a me sentir assim, mas é estranho, parece que sou o único cara no mundo.
Aqui, apenas eu, meu Ipod e, por mais antiquado que pareça, um pequeno lampião.
O Ipod "canta" Fresno nos meus ouvidos. Como sempre, já que de um tempo pra cá eu só tenho ouvido músicas deles, me fazem bem de alguma maneira.
Tenho mil motivos para a música estar no volume máximo, mas eu gosto de ouvir o somo da chuva misturado com a da música. Transmite melancolia, e eu me sinto bem quando ela me consome.
Uma noite extremamente fria para um verão extremamente quente. Pra falar a verdade, estou todo arrepiado e tremendo. Os pingos gelados batem nas minhas costas nuas e tudo o que eu quero é que lavem minha alma.
Tudo parece estar conspirando contra mim mesmo. A lâmpada acabou de queimar, e isso resultou em eu ter de entrar. Tudo bem, aqui está bem mais quentinho. Ainda posso jogar o "Jogo do contente", que aprendi lendo "Pollyana", de Eleanor H. Porter.
No fundo, eu não tenho o que escrever, estou sem razão.
Bebo um gole de um chá estranho que se encontrava no fundo da geladeira. Provavelmente, fruto de algumas 3 semanas atrás. Tudo o que eu queria de verdade, era uma bela bebida e uns dois, ou três maços de cigarro. Entretantos, estes são inacessíveis no momento.

"Para de chorar, feche seus olhos e vá sonhar em seu sono profundo". É isso o que a voz desesperada do Lucas canta ao meu ouvido. Não entendo como uma música e sim como um conselho. Ah Lucas, tu não sabes como tens sido um ótimo conselheiro neste momento em que meus amigos parecem-me tão distantes. Na verdade, acho que eles não se importam. E nem devem. Mas isso me faz voltar a chorar.
Desculpa Lucas, mas não dá para seguir o teu conselho, pois também não consigo fechar os olhos e dormir (ou sonhar). Não hoje. Preciso te contar. Eu me peguei pensando nela, cara. Acredita? Até escrevi uma frase pra ela, inspirada numa música dos Los Hermanos. Gostaria de vê-la, amigo?

"Viver sem você é uma vida em vão, que prefiro viver assim: A 7 palmos do chão."

Estranha? Estranho é ela ainda ser a minha vida e a base de todos os meus pseudotextos.

E agora pergunto a você, que conseguiu engolir esta chatice até o fim, o que acha? Provavelmente, acha que eu enlouqueci. Não te culpo, é o que todos acham mesmo. Talvez tenha, de fato, enlouquecido, já que estive falando com um compositor que nem ao menos me conhece. Mas ele é meu amigo, pois amigo é aquele que te faz bem , não importa como. Amigo é aquele que nunca vai deixar o silêncio ecoar e reinar sobre ti. E é isso que a música dele me proporciona. E todo amigo, sempre te aconselha. Recebi um conselho, refleti e descobri o que quero ser quando crescer.
Desde quando somos pequenos, nos dizem que o que devemos ser quando crescer é aquilo que nos faz sentir bem e aquilo que gostamos. Pois bem, eu escolhi. Não quero carrões, ou bebidas, ou orgias loucas, fama, dinheiro, as melhoras garotas, nem as melhores roupas, ou ser o melhor.
Não quero ser melhor que ninguém. Só quero dar o melhor de mim para realizar esse meu sonho. E não pense que vou fraquejar e desistir diante disso. Mesmo que as pessoas riam de mim. Ou pior, tentem acabar com ele. Isso só engradecerá esse sonhso, pois eu penso nele todos os dias. Choro por ele todos os dias.
Sem mais delongas, deixo aqui registrado esse sonho. O sonho de ser feliz.
Mas por enquanto, eu voudo dormir me sentindo como sempre me senti nesses 15 anos. Por ora, dormirei me sentindo um lixo.