terça-feira, 29 de novembro de 2011

Shiva

Hoje, enquanto o meu notebook insistia em me estressar com tamanha lerdeza, decidi assistir a um DVD de um festival que comprei há algum tempo e até então não havia reunido o ânimo necessário para assistir. Uma das bandas escaladas era o Black Sabbath onde um perturbado, limitado e quase gagá Ozzy Osbourne conduziu o show, cantando e gritando coisas praticamente sem sentido para o público. Durante a apresentação do Sabbath - QUE TEVE APENAS UMA MÚSICA - meus medos que tanto me fragilizam e limitam paulatinamente vinham à minha superfíce. Porém, ao fim do processo, pude receber um conforto vindo de uma banda a qual quase não dedico meus ouvidos. Baita ensinamento: Não sou o único a me sentir insatisfeito, vazio e destruído de uma inexplicável maneira.

O fim da música chega: "E para você que ouve essas palavras contando-lhe o meu estado, eu digo que desfrute a vida. Eu queria poder mas é tarde demais". Meu coração aquieta e o nó que entala a garganta parece sumir quando acredito que sou novo de mais pra pensar que é tarde demais.

Pensei que talvez fosse tarde demais quando percebi que estava fazendo tudo errado, mas quem é que não faz um monte de merda errada? De tão tolo que sou, já cheguei a acreditar que teria as mesmas pessoas pra sempre. Verdade seja dita: talvez algumas pessoas estarão sempre comigo e eu não me importo.

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Eu quero que se foda a Teoria do Caos. O tufão que vem em meu encontro a partir do bater de asas de uma borboleta do outro lado do mundo pode me trazer aprendizado e levar embora o que me pesa.
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Mas diante de tudo isso, das falhas, do medo de perder o controle e de não saber pr'onde tudo está indo, pude aprender a rir de mim mesmo e algo me fez perceber que nem tudo está direcionado para o lado ruim. Shiva me ajudou. Me fascina como a cultura Hindu define o deus Shiva de duas formas tão diferentes mas complementares: O Destruidor e O Transformador. Dizem isso pois Shiva destrói para construir algo totalmente novo.

Se hoje me enxergo tão destruído e cheio de sequelas, construirei algo novo porque até os infortúnios têm o seu valor.

domingo, 27 de novembro de 2011

Yesterday

Há algum tempo venho pensando nas coisas que me aconteceram, do tempo (o ano) que perdi achando que as ilusões eram verdade. Tenho pra mim que o ser humano possui uma enorme e insaciável paixão pelo impossível, cuja extinção mostra-se necessitante da maior das catarses: a autodestruição.

Nossa mente é capaz de gerar merda em cima de merda. Mal sabemos o motivo, mas isso não importa, basta disfarçá-las com a desculpa de que as mágoas precisam ser afogadas.

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Não faço análise à toa

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Em um ano, o que perdi? Pareço tão mais velho e esse texto que hoje escrevo soaria perfeitamente como um discurso de ano novo, vem antes, já que eu, no alto da minha excentricidade prefiro não delimitar prazos, pois estes estimulam minha tendência à procrastinação. O que seria de mim se eu mesmo me impusesse limites?

O “agora” sempre passa. A relatividade do tempo já foi mesmo provada e apreciada? Sei lá, o agora já foi mas ainda pode vir a ser. A questão é: o agora nunca fica marcado no tempo. Diz-se “agora”, logo ele vira “depois”. E o que vem depois do depois?

As ilusões que vivi nos últimos tempos levaram embora parte de mim que não volta mais. Meu sorriso, mutilado, felizmente encontrei naqueles que sempre estiveram lá por mim e eu, tolo, não via. O que machucou de verdade, porém, foi a desilusão, a volta à consciência após uma respiração boca a boca feita pela realidade em pessoa. Por vezes duvidei da existência de tudo enquanto tempo insistia em não passar, fazendo piada. Uma sombra veio me assombrar, armou acampamento sobre mim.

Ontem meus problemas pareciam tão perto. Hoje, nem tanto. Hoje me descobri imperfeito, defeituoso e incapaz. Mas feliz.

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Neurose.

Nossos pensamentos nos limitam de tal maneira que nem percebemos. Quando damos conta o diálogo interno é maior do que podemos suportar e então vem o peso da culpa: por que foi que eu fiz aquilo mesmo? Nossa, como fui idiota. Nos tornamos vegetais, deixamos de dar atenção ao que nos cerca e percebemos o tempo passando mais lento e agoniante, como um acinte pra nos enlouquecer. Por fim, o tempo torna-se apenas perdido. Eu suponho que a perda de tempo seja o preço que pagamos por sermos tão relapso quanto a vida e nossos mundos: interno e externo.

O mundo externo, na verdade, independe de nós. Quando nos ferimos com as merdas que fazemos, ele não se abala: continua lá mesmo sem nós. O que o abala são as falhas humanas, tão grandes. Ao nosso mundo externo talvez falte apenas uma coexistência.

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É por isso que se fala tanto em sustentabilidade?
Não sei.
Não sabe o quê?
Sei lá, to focando nos meus problemas internos.
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A loucura existente dentro de nós é cruel e adora nos consumir na neurose. Nossos problemas se tornam maiores, as angústias também. De repente nos vemos encurralados num canto onde a a saída só existe através de um surto ou perda de consciência.

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Eu não preciso de drogas pra me acalmar.

E onde estaria o equilíbrio desses dois mundos se não no amor? Ter alguém pra dividir as angústias e multiplicar as alegrias. Faz-se perfeita a relação onde nos sentimos seguros para que alguém possa entrar em nosso mundo interno sem nos incomodar e onde também possamos adentrar seu mundo interno. O melhor de tudo é, quando separados, o mundo externo continuar claro e reconhecível.

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Talvez seja só loucura minha.
Não é, eu também acredito nisso.
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O tempo anda bom pra recuperar o que foi perdido, reunir coragem pra levantar e errar mais. Ele tem sido bonzinho: está auxiliando quem quiser ter de volta os sorrisos que foram tomados. Tá na época de sair por aí e fazer algo de bom para si, vai por mim: não é egoísmo.

Nosso par nos livra do enorme vazio de nós mesmo.

domingo, 20 de novembro de 2011

acabou

ter tudo
e sentir-se dono apenas do próprio nome
nosso veneno nos consome
uma dor que sequer espera
nos deixa tão cheios de defeitos e sequelas

inspiro solidão
expiro o desespero
aiai tenho tanto medo

uiva o vento
só não urge o tempo
lento me atrasa

o que a vida fez comigo
desgraça
como procurar por amor
se aqui nem erva daninha vinga

sábado, 12 de novembro de 2011

SMS

Estou em uma viatura, partindo do princípio que não sei onde está os meus documentos, tudo deveria fazer sentido e eu não sei o que argumentar. Por qual motivo eu não liguei para os meus pais? Ligar pra você talvez tenha sido um erro (talvez eu quisesse cometer esse erro todos os dias amor). Ainda posso estar no seu portão amanhã? É que estou embriagado demais para estar por ai essa noite, me desculpe por tal, as vezes erro por querer ser errado e não por querer acertar. É minha vez e o delegado está me chamando...

Ainda lembra que mandei você não esquecer todos os dias que eu te amo?

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

um gole

quão frágil somos nós
diante do impávido deus
senhor venha vós ao nosso reino
mas não nos cegue estamos em nosso terreno

peço ao acaso que me carregue
gentileza não saber o que me espera
saber se sou presa ou se sou fera
ou mesmo o que me fere

quero na vida um equilíbro
entre os que sinto e persisto
e nos que vejo
que finjo que esqueço

domingo, 6 de novembro de 2011

O Acaso.

O tempo sempre passa e, com ele, esquecemos tanto as angústias idas que passamos a acreditar que as atuais são as piores que vivemos. A gente vive, grifa as coisas que mais nos aflige, ESCREVE EM MAIÚSCULAS pra que todos possam ver quão intensa é a nossa dor. Passa-se um ano. O sorriso torto no canto da boca denota um misto de alegria e incoerência porque nem ao menos conseguimos lembrar por que aquilo nos incomodava tanto.

O destino, acaso, o que preferir, não passa de uma série de eventos que surge como teste, impostos seja lá por quem. Talvez o acaso seja obra de um acaso maior ainda, um enorme e imprevisível... troço. Acho que a vida é mesmo um grande imprevisto e nossos planos frágeis demais.

Um pedaço de nós morre a cada mancada, nos tropeços, 'semi-acertos', decepções. Inexplicavelmente nossa mente possui um processo de recomposição que nos permite reviver, mesmo que passemos um tempo desacreditados, agoniados, ansiosos por uma resposta, suando frio pelos cantos, mortos. E, finalmente, após tantas mortes, voltamos pra vida de uma vez, aprovados nos testes que aparecem pela frente, nos tornamos proeficientes, cheios de respostas, verdadeiras máquinas de conhecimento, crescemos. E então vem o alívio da morte física, morremos de vez. Mas o importante da vida mesmo é sorrir.

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

ainda é cedo

ainda é cedo
pra dizer o que será ou vier
nem sabes o que é
tens tanto medo

são tantas tristezas sem motivos
tantos motivos sem nenhuma sutileza
uma eterna dor de cabeça
uma vida sem beleza

tanta coisa você escuta mudo
cansaço de tudo
fobia social que leva consigo
sozinho banal carrega a cruz no peito
então procura um jeito

ainda é cedo, arthur

terça-feira, 1 de novembro de 2011

meninas

ai que saudade
das meninas que estudaram moda
trabalhadas e bordadas em alta costura
das tortas, loucas, sem postura
completamente sem rota
das que beijaram-me os ouvidos
e, se soubesse que fariam falta, teria torcido
por um destino mais justo
sem me preocupar com o susto e o surto
de não saber por onde ir
eu, sem rumo, ando por aí
bebo fumo rio
penso no vazio que será preenchido