sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

ai humanidade o que eu faço com você?

As pessoas escolhem o que querem ser. Se lerem bons livros, bons conhecimentos obterão; Se optarem pela ignorância, pequenos serão. O mesmo atesta-se com a qualidade da música que chega aos seus ouvidos durante a vida, digo isso porque acredito que os ouvidos possuem uma ligação íntima com o cérebro: percebe-se isso pela ideia de que é impossível parar de ouvir as coisas por vontade própria. Se quisermos nos privar de um cheiro, controlamos a respiração, e o mesmo acontece quando nos vemos diante de uma visão que possa nos incomodar.

A música, construtora da alma, amacia o cérebro e, se bem tocada e no momento propício, organiza as ideias que temos em mente ou até mesmo põe à tona aquelas ideias, escondidas no inconsciente, que temos e nem sabemos.

Escolho o que ouço e leio, mas por que é tão difícil controlar o que sinto? A racionalidade humana põe em conflito a nossa existência. Há um medo universal e meramente cultural que está ligado às emoções e a incapacidade de pensar. A ideia é a mesma na cabeça de muitos: se nos entregarmos às nossas emoções estaremos abrindo mão de nossa consciência e então, sem pensar em nossos destinos ou qualquer outra coisa, foderemos tudo que nos cerca. Ninguém tem real noção de como isso confunde a minha cabeça. Parece-me tão simples conciliar o amor e a vida que carregamos, para mim duas pessoas podem estar juntas de maneira tão harmoniosa que até mesmo eu duvido, seria mesmo uma coisa palpável? Serei capaz mesmo de encontrar alguém com quem posso ter a harmonia tão desejada?

Espero ansioso pelo dia em que meus medos deixarão de cercar tanto tudo o que eu faço. E então, otimista que não sou, olharei pro sofrimento e dele arrancarei aprendizado.

terça-feira, 20 de dezembro de 2011

nada de novo

é isso seu moço
da vida o desgosto
como o almoço
que eu tão sonso regurgito e ganho o gosto
da manhã que não acordei
pelo sonho sonhado antes de dormir
e o imposto pago pra sorrir

talvez uma concessão pra cobrir o que sinto
um papel que diga pro que sirvo
contrato assinado dizendo pro que vim
dinheiro que pague meu analista
e risque a lista de metas
de pedras
estas
que me fazem tropeçar

será que ainda posso lembrar das canções que falam de amor?
algo cantado por um desconhecido
que chamo de amigo
porque diz o que ninguém diz
diz que posso ser feliz

sábado, 17 de dezembro de 2011

brincadeira

ai querida espero tanto
o despertar pra vida
um fim ao pranto
que traga de volta
alegria, cores
e meu canto

aguardo um bocado
e oro aos santos
tão abobado fecho os olhos
não durmo entanto

não tenho sono
muito menos sabor
queria algo novo
mas era só amor

domingo, 11 de dezembro de 2011

como palhaço observo

estimulantes
alterantes das mentes falantes
de repenteando os instantes pegos de surpresa no móvel da sala,
ponho na estante os que nada falam
e a enxaqueca alta dos que gritam ao pé dos ouvidos
me traz tua falta

como observador
observo a dor de quem passa
e como palhaço
sinto o espaço vazio de quem foi

será que escrevo porque sofro
ou sofro porque escrevo?
a minha dor vem da coceira
tão atenuante bobeira
mas ferida traiçoeira que é
vai me tirar cabeça mãos e pés
e eu vou desesperado chorar
implorando pra um dia cicatrizado melhorar

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

mais uma vez vazio

nada passa de adequação
adequo-me aos amores
amo sem flores
vivo sem dores

carrego no peito o vazio
ao vento seco o coração
molhado de tantas mágoas
enxugo cada aflição
tentando levar embora a solidão
mas já não sei se estou são

não tenho romance
só tenho muito raro o relance
de que poderia ser melhor
ou pior: o estafante pensamento de
"será que vai melhorar?"

meu deleite: sofrer demais
aceito
e talvez um dia seja de novo
metade da metade do que fui
quando ousei amar

Relativismo

À minha mente tem se confirmado cada vez mais que o homem é realmente a medida de todas as coisas. Contudo, meu relativismo foca nas pessoas, ou seja, pra mim o mundo é único, singular e (im)perfeito para cada pessoa. Ele é mutável e não possui verdades absolutas. Os padrões foram estabelecidos apenas para podermos notar quão errados eles são, mas pouca gente realmente percebe. A única coisa que já foi efetivamente padronizada na história, foram os pensamentos. Poucos fogem dessa alienação mental e alguns, por serem lúcidos demais, enlouquecem: Pobre Nietzsche.

A gente sai por aí só com a roupa do corpo, nos entendendo como sendo a própria imortalidade encarnada, mas tamanha paz de espírito para tanta loucura provém do conforto de, após tudo passar, chegar em casa, protegidos pelas grades e o circuito fechado de TV dos condomínios. Dizemos então que o amor é tudo que importa, já que é confortável ter o dinheiro do pai entrando no bolso, na conta bancária, na carteira. Para quem passa fome, o dinheiro é tudo que importa. Só importa comprar comida, sobreviver, ter os direitos básicos que não lhe são concedidos. Aliás, as pessoas estão morando na rua porque são vagabundos e não quiseram arranjar um emprego digno. Bom, é o que sempre me dizem. Eu nunca abro minha boca, pois pra contar histórias basta ouvir.

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Então, é tudo relativo mesmo ou o quê?

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A relatividade me ensinou que preciso levar a vida no meu ritmo, como bem entender, já que o convencional não tem por quê. Não posso exigir de mim a felicidade. Então de mim só exijo humildade e empatia. Um dia eu chego lá.

domingo, 4 de dezembro de 2011

surdez

Agoniante surdez que nos consome. Paulatinamente nossos batimentos – que curiosamente são tudo que ouvimos quando em depressão – nos enlouquecem, em ritmo dessincronizado: forte fraco forte fraco fraco fraco enfraquecendo.

No relento me atento ao alento que me sopra e me contento com o que há de vir. Depois de tantos erros, pedimos por algo que nos traga paz e então planejamos viver sem planos, somente ‘no biológico’. Mas o que é o biológico senão o acaso a que estamos entregues em 100% do tempo? Nem os mais estrategicamente elaborados planos resistem a algo tão grandiosamente pequeno.

Do vício em cocaína às meditações transcendentais; o ódio por cabelos arrumadinhos, vivendo bagunçando todo o cabelo, mas pagando caro pelo corte por simples desconfiança; dos solos de guitarra às baixarias dos chorinhos e chorões; a liberdade de andar por aí e síndrome do pânico impedindo tudo; o desespero e a serenidade. Não sei se sou um ser de fases ou o extremo da contradição. Da mesma forma, não sei se acredito em destino, acaso ou carma. Talvez eu seja apenas humano.

sem rima

poema sem rima
é como manual de instruções
tudo mais fácil
tudo sem graça