terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

calma

Eu ouvia aquele assovio
Me confundia, sozinho,
Já não sabia ao certo se ouvia seu perfume
Ou se sentia o cheiro de seu barulho.
Mas ela era calma,
Às vezes até dizia coisas
Que me doíam a alma,
Mas aprendi depois de duas esposas
Que precisava só um pouco mais de calma.

Apaixonado, dedicava a ela poemas
Num esquema quase perfeito
Mas, sem jeito, me engasgava,
E a voz... embargava...
Ela? Ela se deliciava
Gostava de me ver errar,
E eu gostava de vê-la sorrir.
Então hoje não ligo mais pros tropeços
Pois o meu desjeito
É pra ela diversão
E o seu riso
É pra mim
Coração.

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

a qual Pessoa falou

ponho-me a pensar nesta velha angústia
esta a qual Pessoa falou
é verdade,
quem diria aquele menino
tão... sonhador
hoje um grande maluco
lúcido e louco
confuso
e agora penso na eternidade que deus me promete
choro e penso mais
como é que se esquece
das angústias e de tudo
fico mudo diante do mundo
estou entediado
julgo-me um tanto estagnado
oro a mim mesmo
não acredito em nada
e o nada me cria
vou fazendo minha poesia
implorando para que um dia
a psicanálise torne minha alma sadia

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

Me engana que eu gosto.

Algumas coisas tornam o mundo num lugar engraçado. Hostil, terrível e aterrorizante. Porém, apesar disso tudo, no fim ele é mesmo engraçado. Engraçado porque pessoas vivem, vivem, vivem, ultrapassam obstáculos e isso tudo resulta numa única coisa: aprender a viver melhor.

Segue nesse pensamento uma espécie de seleção natural darwiniana. Por exemplo, a nossa coleção de experiências (também chamada de vida), serve unicamente como forma de proteção natural à prole. É racional (ou até mesmo instintivo): não queremos que nossos filhos cometam os erros que cometemos. Como disse o Rubem Alves: No fim da nossa vida, nosso porto de chegada acaba por ser o porto de embarque de uma nova geração.

Mas o que seria do nosso mundo sem as falhas, os medos e a ansiedade? Ele é movido à inquietude humana e acredito que sem ela, o comodismo seria tamanho que não haveria progresso.

Hoje escrevo isso porque a visão que tenho do mundo ampliou-se de tal forma que sofro e sofro muito. Não sei se evoluí ou regredi mas hoje eu sonho com a ignorância e alienação que juntas são capazes de me manter aquecido, protegido e feliz. Prefiro não ver a verdade.

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

J.

ela me faz um bem que ninguém me faz
todo dia ao meio-dia diz me amar
e, como diz, me ama sem parar
não reclamo
só rio
à toa
rio à toa

pobre de mim
sofro por não ser perfeito
penso até no fim
mas por fim o fim é mesmo esse
tem defeito
mas nossa festa é bonita
confete e fita
o amor tá passando na avenida

já escrevi pra morena errada
e agora com a página virada
espero estar acertando
às vezes quase surto
vou me acalmando
sabendo que meu tempo é curto
mas com ela nem o sinto passando

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

Monstros

No mundo sou apenas mais um. Entre o grande grupo de solitários sou apenas mais um que chora. Mas, diante deles, sou um solitário diferente, pois ao meu lado tenho muitos. Diria até que sou um solitário que tem pessoas em quem posso me apoiar. Não sou lobo, sou apenas só.

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Sofro, mas a essa condição tento não me entregar. Faço tudo, tomo até banho de arruda. Quero me sentir bem.
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Atormenta-me saber da responsabilidade e de todo o peso que me esmaga, compete apenas a mim procurar o meu bem-estar. Aliás, quem é que anda por aí dando conselhos, dizendo o que fazer? O meu passado não aparecerá pedindo perdão e nem o meu futuro me dirá que tudo vai ficar bem. Apenas eu posso procurar a felicidade, mesmo quando meus pés estiverem enfiados em merda. Sorrir não é desespero.

Muitas coisas me apertam o peito e às vezes só existe o choro. Mas, tudo bem, sei da minha condição, dentro de mim existem monstros e eu quero mais é que eles morram de fome.

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

vou lá

se ignoro e me ponho a viver eu sofro
e se caio dentro de mim tanto sou insosso
da mesma forma que o cientista procura a ciência
eu homem procuro minha sapiência
o cientista a encontrou
eu não

não sei por onde ando
mas caminho
vou indo
sem otimismo
apenas vou lá
com meu pessimismo olhar
mas um dia eu hei de sarar