sexta-feira, 30 de julho de 2010

Nowhere Love. Parte 1

- Ta escuro lá fora. – Eu estava assustada, inegável. A essa altura do campeonato eu não sabia do que o Felipe era capaz.

- E daí, Fernanda? Desde quando eu me importo com isso? Sai agora! – A voz dele estava pesada. Felipe não era mais o mesmo havia algum tempo. Os meses decorridos após ele por na cabeça que eu o estava traindo passavam em câmera lenta. E em câmera lenta eu sentia todo o comportamento grosseiro do Felipe me matando lentamente. Por vezes ele deixa esse assunto de lado, como se não se existisse. Mas sempre volta a me perguntar sobre o Gustavo.

- Por que você continua com isso? Você sabe que o Gustavo e eu somos só amigos de infância, por isso somos tão próximos.

Felipe bufava de raiva. Apagou o cigarro na parede e me olhou com raiva. Por um momento achei que morreria aquela noite.

- Você me dá nojo. Mete o pé antes que eu mude o meu alvo. – Socou a parede com ar de quem estava tentando se conter. – Eu gosto muito de você. Não quero te machucar.

Paciência.

A primeira virtude precisa para manter uma relação é paciência, eu acho. Pelo menos na minha mente de menina adolescente fazia sentido, na época.

Eu aprendi a ser paciente com o tempo. Eu costumava esperar um sentimento igual ao que eu dava, mas percebi que é nesse ponto que pecamos. Eu vivia interpretando papeis para carregar mentiras que faziam sentido apenas na minha mente. Mudanças e permanências; seja o que for, não é igual. O amor não é igual. O amor não é pra sempre.

quarta-feira, 28 de julho de 2010

Incógnita.

Há tempos que perdi qualquer forma de contato com o que eu tinha a boa vontade de chamar de coerência. Digo isso, pois ela me foi cassada e jamais será ressarcida.

Prometi a novas pessoas que deixaria de fazer discursos tão sentimentais como costumava (costumo) fazer. Prometi me focar em algum lado mais produtivo da minha existência, mas creio que não há. Estou destinado a escrever. Minha sentença é idealizar o que eu esqueci de viver. Eu idealizo o que meu coração me pede. E isso não é, de forma alguma, alusão.

Isolo-me, e ao contrário do que muitos pensam, eu não isolo a minha mente; eu compreendo o que sou (ou penso ser) melhor do que deveria, mas não adianta nada se meus punhos, minhas armas, estão cansados de tanto socar a cara de adversários mais fortes que eu. Cansei de sobreviver.

Morro por amor, mas acordo desse sono profundo quando vejo esperança em uma coisa nova (ou nem tão nova assim). Vivo como um morto-vivo. Na calada da noite eu procuro, debilmente, alguma forma de saciar os meus pensamentos. E não há tamanha fartura se ainda hão de existir lugares tão frios, porque palavras incômodas penetram meus ouvidos com o objetivo de causar estrago, discórdia, desentendimento entre meus neurônios.

Não há custo-benefício. O custo do (des)entendimento causado pelo o que há em mim é tão alto quanto a altura que vôo sempre que te avisto, ao longe.

-
Eu nunca quis alçar vôo ao céu.
-

Despenco e caio num mar aberto de realidades (que até pouco tempo atrás era de ilusões). É o mesmo mar, só mudam as personagens.
Aqui embaixo é tudo diferente.
Seus olhos não mentem. Eles contam versões das histórias que ouvir por outros, só que dessa vez as histórias me são agradáveis. Eles contam histórias sobre a velha sala de estar que, um dia caindo aos pedaços, me acolheu. Fria, mas acolhedora.
Procuro no teu cheiro, calor suficiente pra que esquente a ti mesma. Mas parece não haver ardor capaz de esquenter teu coração.
Continua fria.

sábado, 24 de julho de 2010

Loving Lessons.

Fumo cigarros. Eles são tão ruins quanto o meu passado, mas fazem parte da minha alma. Odeio-os. Odeio os cigarros, odeio o passado. E isso vem acontecendo desd'os meus catorze quando deixei o saudosismo de lado, quando me decepcionei pela primeira vez. E as decepções demoram a ir embora quando se tem em mãos a própria tristeza, engarrafada. De gole em gole vivo o presente, sem perceber que tudo vira passado. Não há como matá-lo. Só há minha própria morte.

Já escrevi poemas pra pessoas que tornaram-se opacas aos meu olhos depois de tantos olhares falsos e previsíveis. E hoje, ao recitar esses mesmos poemas que ocupam cada centímetro da ponta da minha língua, sinto nojo. Eles se tornaram dissonantes, e a culpa é tua.

Não levanto mais o tom de voz, você cansou de sentir o sangue da minha garganta. Você já me provou.
E eu lembro que tu falavas sobre gritos mudos e ouvidos surdos que nuncas estavam certos no horário para ouvir tuas palavras.
Pois bem, pra ti agora eu deixo o meu silêncio.

E o silêncio, pra onde vai?
Você não obedece
Reza, faz precres, implora pra poder continuar
Mas eu não vou deixar

Não falo mais de amor pra ti. Ele está morto. E se não estiver, eu mesmo matarei.

"Ao teu lado eu tava errado. Eu nunca consegui viver" (Fresno)

quinta-feira, 22 de julho de 2010

not sokute.

Eu já tinha esquecido como é se sentir assim. O amor me contagia, e é isso que tanto me assola, que tanto me põe pra baixo. Às vezes acho que eu não sou daqui. Às vezes sinto que seria melhor se não amasse; Às vezes sinto que sem o amor eu nada seria.

Sinto falta do vazio, e sinto falta de algo que me complete.

É clichê desesperar-se. Mais clichê ainda é dizer que estou correndo. Estou parado e já estou assim há muito tempo. Então recolho, em cadáveres de suicidas, alguma esperanças para continuar a, sozinho, caminhar. E eu faço isso sorrindo.

Eu não sorrio, eu me mascaro.

E o que é mais usual além de dizer que preciso de alguém (você) aqui? Preciso de alguém (você) para ouvir meus gritos, ler minhas cartas, me olhar nos olhos. Mas minhas cartas, ultimamente, são sem destinatário, e os meus gritos não têm um interlocutor que preste. Ninguém me lê, ninguém me ouve. E não adianta eu abrir os meus olhos, sabendo que o mundo está aí pra me cegar.

Caiu a noite e eu continuo aqui, no escuro do quarto, implorando para que nossa música seja eterna. Mas quão insuportável seria uma música sem fim? Toda canção deseja morrer e isso é a parte mais bela delas. Toda música deseja morrer para dar lugar a outras, para não entediar seu ouvinte.

Por isso que o amor morre tão rápido?
Não quero dar lugar pra mais ninguém além de você.

quarta-feira, 21 de julho de 2010

Prosa&Verso.

Desperto ouvindo uma voz doce e calma. Tão calma quanto o mar, batendo de leve nas pedras, pela manhã.

Voz boa, parece à toa
Corrida, cantada, sentida
animada, agitada, quase engasgada
Entre versos, descompassada

Folgaz parece voraz.

A voz da menina do sonho era tão perfeitamente enganjada que parecia ter sido premeditada a me engolir.
A moça do sonho existe, mas eu prefiro da minha forma. Bela e imaginária. Cada toque, cada palavra proferida, cada beijo, cada abraço, tudo. Tudo. Tudo é imaginário.

O imaginário me pertence
E quem sabe, sente
quem sabe, conhece
Sempre que anoitece
há um novo amor nos esperando

Eu faço versos de amor, e eles também são imaginários. Não tenho coragem suficiente para recita-los a quem remetem. Ilusórios.

Do primeiro ao último
Da semente ao fruto
Procuro
Às vezes no escuro

O escuro não custa a passar. Dizem que é passageiro.

Corriqueiro
Passa sem ninguém perceber
vai pra longe
Muito além do que se vê.

Cadê tu, minha moça dos sonhos?
Só falta você.

terça-feira, 20 de julho de 2010

lixo orgânico.

A Nunca fui bom com amores. Tudo que já foi meu já morreu há muito tempo. Daí o medo de começar algo novo.
Nunca fui bom em nada. Nem em fazer caridade. Sou do tipo que leva uvas para doentes no hospital e as come por estar entediado na plataforma, esperando o metrô.
Sou do tipo que entra nos lugares onde não é chamado. Saio entrando, quebro a porta; quebro a cara. Encho a cara, faço amigos e os esqueço no dia seguinte. Sou desse tipo nos meus antigos sonhos.

Hoje tento me conformar com o que sou. Te quero aqui, mas deixo claro que não tenho medo de continuar vivendo. Eu não tenho medo de andar sozinho por esse mundo. Nunca tive.
Resolvi sair, viajar, fugir. Estava carente de coisas novas. Eu queria conquistar o mundo e então eu parti... para conquistar o mundo. Peguei uma mala, coloquei minhas poucas palavras e um coração sem batimentos.

Não me surpreendi ao descobrir que minhas palavras eram pequenas demais para caber dentro de um coração tão grande como o teu. Sofro por não ter noção de demografia.
Percebi que minhas palavras e meus pensamentos têm cada vez menos significado. Eu estava tentando escrever minha história com você, para apenas você poder contá-la. Enjoei de contar sempre a mesma história.
Mas sobre o que eu falarei agora?

quinta-feira, 15 de julho de 2010

Be my shroud.

De que adianta viver o amor sem expressá-lo?
Tudo que sonhei não vale nada, me dizem. Verídico. Já vivi essas verdades.
Perambulo; de sala em sala, de quarto em quarto. De casa em casa, de hotel em hotel. Te procuro.
Você está estampada nas paredes de outros corações e foi-me dito que há muito você deixou de habitar o meu.
Procuro saídas de emergência neste local, mas todas que eu encontro estão trancadas. Tudo bem, eu já sabia. Tentei apenas para cair no chão e recobrar esperanças de você vir para me dar a mão.
Doce escapatória. Você, perfeita e sem acentos; sem ênfase.
Quero você. Falada ou cantada. Em gritos ou sussuros.
Quero você. Em prosa ou verso.
Não importa a forma.
Quero você. Espontânea.

quarta-feira, 14 de julho de 2010

This is war.

Uma vez eu escrevi uma música sobre corações partidos, sem nunca imaginar que um dia aquilo tudo voltaria para mim. Sem imaginar que um dia eu é que estaria gritando até a garganta sangrar, colecionando feridas em um álbum de figurinhas rasgado.

-
Quem faz canções pensando em lágrimas alheias?
Eu é que não faço.
-

Eu só penso nas minhas lágrimas que não param de cair desde que tudo isso começou. Lágrimas tão salgadas quanto a água do mar. Às vezes eu gostaria de poder chorar o mar, para que assim, eu pudesse ir pra longe.
Me leva.

Quero o mar só para mim, mas enquanto não encontro me contento em procurar alguém que recolha os cacos do meu coração que foi jogado do quinto andar há muito tempo e desde então permanece no mesmo lugar.

-
O Estopim não sou eu. O Estopim são vocês.
-

Deu-se início a uma batalha inútil e infantil. A gente sua a alma em busca de uma aparência mais madura e crescida, mas ninguém jamais assumiu a culpa d'isso tudo estar acontecendo. Todos foram mortos, um a um, e isso já faz muito tempo. Os únicos sobreviventes somos nós quatro e talvez já estejamos feridos demais para continuar. E o que nos resta é chorar.

A confusão me feriu e eu já não aguento mais.
Preciso respirar.

quarta-feira, 7 de julho de 2010

Meaningless.

Eu vivo na constância da certeza
Subsentindo as purezas da incerteza
Confundindo os retratos
Subsistindo ao elenco do teatro

Já vi o passado como momento
às vezes uma mera brisa, um vento.
Ele mora longe. Lá no alto.
Longe do chão, do asfalto.

O presente é cansativo
É, no máximo, compreensivo
Nunca é positivo. Sempre negativo.
Nunca é agradável. Sempre dispensável.

O futuro é melhor
Idealizo você, cantando músicas em dó menor.
Passo horas imaginando nossas fotos no mural
Você, definitivamente, faria meu mundo mais legal.

terça-feira, 6 de julho de 2010

Love kills slowly.

Ando vivendo de comparações. Acostumei-me a comparar a minha vida as mais inusitadas situações, embora eu já tenha presenciado eventos maiores e piores que a minha própria vida. Um dia, há muito tempo atrás, ouvi dizerem que o amor estava morto. Na hora fiquei em dúvida, mas hoje tenho a resposta certa para a questão: O amor não está morto, ele apenas foi artificialmente inflado para nos matar. E essa morte é tão lenta que às vezes nem percebemos.

Ontem me olhei no espelho sujo do subconsciente. Eu pareço um pouco mais velho desde quando tudo começou. Por razões desconhecidas, nos vi, atrás de mim mesmo, lutando agressivamente para manter os papeis que nos foram estabelecidos. Não devíamos ter seguido papeis, sabe? Uma hora nós enjoamos deles. Sem eles, vamos um contra o outro, nos atacamos só para nos sentir melhor. Nos atacamos só para dizer que não estamos enjoados.
A luta é em vão.

Bombardeia-me.
Mas bombardeia-me com perguntas. Algumas palavras ou perguntas quaisquer, que talvez possam resolver os meus, os seus, os nossos problemas.
Você diz que não adianta. Concordo, pois sei que há muito deixamos de ser os mesmos, mas o que seria de nós se não tentássemos?
Desistir? Não dá. Reviver? Não aguento. Pensar? Não quero. Chorar? Já cansei. Deixar o tempo? Já passou. Esperar a morte? Imortalizei-me
Você me pede para, então, ir embora...

"Vou, mas não me peça para amar outra mulher que não você" (Los Hermanos)