O despertador me acordou, gritando o que antes parecia uma sinfonia composta com atenção, nota por nota. O dia ainda não chegou, a noite está lá fora, bravejando, atrevida, trazendo a mim o mesmo mau-humor por viver todos os dias a mesma frustração.
Saio por aí, madrugada adentro, sentindo os batimentos acelerados. Cada passo é uma dor aliviada e renovada, cada lágrima é um desespero jorrado para um poço dentro de mim mesmo. Não há fração de segundo que me acalme.
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Eu preciso aprender a caminhar.
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Volto pra casa. O relógio marca 10:40 da manhã.
O relógio me julga. Ele é mau, ele está contando minha morte. Ele conta os segundos, conta em prosa tudo o que me resta, conta em versos tudo o que me passou. E no final, nada pra contar. Os relógios falam muito por não terem nada a dizer. São inanimados, cinzas.
Matei a aula.
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Todo mundo é parecido quando sente dor.
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A gente enlouquece quando sente dor.
Amei errado e na bebida procuro esquecer.
Mas no fim, pelo menos aprendi a me esconder dentro de mim mesmo.
Não sou forte e não posso vencer quem é mais forte que eu. Pelo menos tenho coragem de por a cara a tapa e viver como humano. Não sou parasita.
As pessoas me dão nojo.
"O relógio me julga. Ele é mau, ele está contando minha morte." foda. E me lembra um filme psico.
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