segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Bons dias.

Eu entro e os cachorros latem como se vissem um estranho invadindo a casa pela porta da frente. Correm até mim, ferozes, mas logo se distraem com pássaros que voam e bebericam água nas poças. Eu nunca confiei muito nesse papo sobre a lealdade dos cães, eu sempre preferi essa distração habitual onde eles se perdem, assim como eu me perco, assim como eu acho que todas as pessoas devem ser perder por mais orientadas que estejam.

Os móveis na sala não são mais de acaju, tudo mudou e as duas semanas que se passaram causam-me impacto de dois anos. Prendo a respiração ao passar por aqui; não gosto dos porta-retratos expondo fotos felizes, suas e de outras pessoas.
No velho triturador de papel:


Enquanto respirar
o vento que leva
e Eu quiser morrer
sem você lá ou aqui
pois conosco,
nada
nunca irá
além do
velho erro que é
amar alguém.


Eu ainda lembro de quando escrevi, deitado na cama, contigo ao lado mexendo no meu cabelo e contando histórias engraçadas pra me desconcentrar. Mas agora o texto está desfigurado e tosco, agora quer dizer outra coisa completamente diferente.
Eu às vezes acho que seria capaz de sentir arrependimento de todos os nossos segundos juntos, mas eu ainda não tenho coragem de levar as minhas coisas. E quando eu pegar o meu travesseiro, perguntarei-me o porquê de poder te imaginar aqui comigo e não poder te ter. E eu também vou me perguntar aonde foi que eu errei.

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