domingo, 5 de setembro de 2010

Oxímoro.

Nós somos criados desde pequenos com duas ideias:
1) Crescer na vida e ser alguém;
2) Ser um merda.

Desde que a gente é piá, lá no que "eles" chamam de pré-escola, somos pseudoincentivados (porque no fundo ninguém se importa com a Educação e a Escola não está nem aí pra você) a estudar para nos tornamos "alguém".

A concepção de "ser alguém" que nos é imposta é completamente o oposto da minha visão de mundo. Não me vejo "sendo alguém" quando estou sendo visivelmente (para alguns) programado por alguém para proporcionar o lucro alheio. Trabalho gera dinheiro, dinheiro gera satisfação material. E a satisfação material SE ESVAI, migalha por migalha, restando apenas algum farelo que não tapa a necessidade humana, e não há bolsa-família capaz de tapar esse buraco.

A gente diz pras crianças "Estuda pra ser alguém na vida" por não ter coragem pra dizer "se mata de estudar, meu filho, porque você precisará passar no vestibular para depos fazer uma pós-graduação. E sem essa pós, você não terá o seu espaço". É muita responsabilidade e eu não quero isso. Eu quero afetividade, solidariedade, integração, porque é isso que importa. Quero ir além dessa casca que nos prende e recebe o nome de Vida. Não quero as grades de instituições falidas (escola e casamento) para me prender. Sou totalmente contra.

E pode dizer que eu sou um mau exemplo quando digo que não estou a fim de fazer uma faculdade ou arranjar um emprego, mas é por culpa dos supostos bons exemplos que eu vivo na incerteza de não saber se conseguirei chegar ao fim do ensino médio sem antes me matar.

5 comentários:

  1. E como diria Renato Russo, "Chegou a vez do nosso ritual. E se você quiser entrar na tribo. Aqui no nosso Belsen tropical."
    Quando nascemos já está tudo formado, escola, faculdade, emprego, casar..., quando não se aceita isso vc é excluído, não pode ter escolha tem que ser aquilo e pronto.
    Também não gosto disso, não vejo sentido nessa roleta, vc faz tudo com todo mundo e depois morre, qual a graça.

    Muito bom teu texto. :)

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  2. O conceito de "vida" é diferente para pessoas diferentes. O que um chama de vida, seu emprego, seu casamento, as normas que ele segue para se sentir encaixado em uma sociedade pré determinada pelas mentes dominantes, nada mais é do que uma prisão auto imposta. Do que adianta viver se você não VIVER???!

    Senhor Leão arrasando nos oxímoros ^^

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  3. É como se depois que você chegasse na pós graduação, você tivesse tudo... Mas sempre tivesse faltando alguma coisa. A satisfação, a vontade de ser o que quer e o que é, esquecendo da sociedade, a felicidade do simples papel de viver. Como alguém consegue ser feliz, se satisfazer em todos os sentidos acomodado, hm, nada além de satisfeito?
    Concordo com o que você disse, essa obrigação para uma pseudo-satisfação é inutil e só nos consome. Além, de na verdade, ninguém está tão preocupado com você...
    E realmente, pra mim, isso não é a vida. Não tenho a menor vontade de crescer, e no final, ver que me tornei o que eu mais temia. Que eu fiz da minha vida uma perfeita mentira. E que não vivi, não a minha vida.

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  4. E se for pensar, quem sabe é isso que não faça sentido nessa vida...

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  5. uma ótima crítica, com ironia, ainda por cima, e isso é pra poucos. abçs

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