sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Bola de Sabão.

Demorou quatro dias, quatro longos dias pra ficha cair e eu perceber que nunca mais veria aquele sorriso na minha frente. O pior não era viver sem os sorrisos. Na verdade, o que me cortava o peito de uma ponta a outra era o fato de nunca mais ouvir a voz agitada durante as conversas ou até mesmo a cantoria que rolava sempre que o assunto acabava.

E agora eu sinto como se o arrependimento não passasse. Eu lembro das tardes em que matávamos aula para dormir nos gramados perto da escola e ela levava um copinho com detergente e um canudo para poder fazer bolinhas de sabão. Lembra que você dizia que queria ser livre com uma bola de sabão?
As coisas são engraçadas do jeito que são. O que agora é rotineiro e incomoda não tardará a passar, bastando apenas adicionar à receita uma pequena pitada de paciência; Paciência que não vem.

Eu e vida estamos brigados de nada desde que Ana Luíza partiu. Assim, no maior estilo jardim de infância, estamos brigando. Ela tenta me atropelar e, se fossem um pouco mais longos os meus momentos de desatenção, eu não sairia ileso. Vou pintar uma faixa de pedestres no meu coração.

Eu tento, tento muito. Tudo está longe e parece não valer a pena. Ou talvez tudo não esteja valendo a pena por parecer assim, tão longe.
A vida é frágil, bela e efêmera. Assim como as bolas de sabão.

Um comentário:

  1. Nossa,como vocês são bons nisso,você me fez chorar,não só nesse,mas em quase todos os textos.Vocês são,realmente,otimos nisso,quisera eu ter esse dom de escrever.Eu,agora,sou fã de vocês!

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