domingo, 28 de agosto de 2011

Medieval

Hoje, longe da Idade Média, colocamo-nos a par dos conhecimentos, adquirimos o livre-arbítrio de impor nossas escolhas de acordo com nossas vontades. Nós, mesmo assim, donos dos nossos destinos, causamos uma reaproximação da filosofia medieval quando aceitamos tanto controle sobre nós. O problema acerca disso tudo é a falta de visão ao redor dos umbigos. Parece que as pessoas são capazes de identificar falcatruas apenas – e às vezes nem assim – enquanto observadores.

Genialmente o ser humano descobriu o cinismo como instrumento de controle: “sou teu amigo, quero teu bem, escuta o que to te falando, faz desse jeito, sei os conselhos que estou dando, viu?, devia me agradecer agora”

Então, desiludidos e com um sentimento de traição, enxergamos inimigos por todos os lados, xingamos, nos isolamos, falamos que o amor é uma merda, gritamos que ninguém é amigo de ninguém; durante dois meses; e em seguida damos início a um novo ciclo de merdas.

Hoje li umas estatísticas que diziam que com o tempo muitos se tornaram dependentes de antidepressivos. E essa estatística aumenta cada vez mais. Tanto esforço para nos livrar de grilhões que aprisionavam nossa mente e agora usamos qualquer merda somente para “parar de pensar um pouquinho”. E dá-se prosseguimento a um mundo lotado de drogas que corroem a mente e o corpo: antibióticos, antidepressivos, barbitúricos, álcool, religião, futebol, política, economia, lisergia, cocaína, paixões. Quanto ao uso, não adiro nem rejeito, não digo não nem digo sim. Nunca digo nada. Só quero me divertir e os outros - desculpa - que se fodam.

Alguma vez li em algum lugar que nos tempos idos se queria pensar e não podia, hoje pode-se pensar e ninguém quer. Concordei.

Um comentário:

  1. Com tanta liberdade para pensar e agir os homens não sabem o que fazer. Perdidos, em busca de um norte.

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