terça-feira, 20 de outubro de 2009

Deitado na cama, ouço o tiquetaquear do relógio.
A aurora transpassa as vidraças e ofusca o meu rosto.
O metal gélido do meu pingente congela o meu peito nu.
Minha visão é turva e os movimentos mínimos.
Há dias eu não sei o que é comida.
Há dias não me barbeio.
Há meses estou confinado neste lugar sórdido e não tenho intenção de sair.
Estou me isolando. Me isolando do mundo. Estou fazendo gentileza.
Cansei de ser vilipendiado, incompreendido e descartado por todos.
Quem diz me entender, no fundo nunca quis saber.
Eu tento ser forte a todo amanhecer. Mas é em vão.
Hoje vivo com este semblante triste, como se fosse doente.
A falta de esperança e o tormento me fazem perceber que nada é justo e pouco é certo.
Começo a perceber que estou destruindo o meu futuro, e que a maldade anda sempre aqui por perto.
E quando os antidepressivos e os calmantes não fazem mais efeito, eu percebo que a loucura está presente.
E começo a sentir a essência estranha que é a morte.
Eu sou um pássaro, me trancaram na gaiola esperando que eu cantasse como antes.
Mas um dia eu hei de existir novamente e voarei pelo caminho mais bonito.

Um comentário:

  1. É engraçado como as nossas situaçõe são parecidas e os sentimentos os mesmos, todos os textos que tens escrito sobre esse mesmo assunto, se aplicam perfeitamente ao que vivo hoje.
    Eu te amo muito, meu melhor amigo e você sabe que pode contar SEMPRE comigo.

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