quarta-feira, 21 de abril de 2010

O passado, a perfeição e o quintal de casa.

Eu já tive minha infância.
Lembro que minha mãe sempre enrolava meus cachinhos até eu pegar no sono, lembro-me de sempre afagar-me em seus braços. Toda noite era a mesma coisa.
O tempo passou, eu cresci.
Pouco mudou além de uns pelos aqui e ali, uma barba que tenta denotar uma maturidade que talvez possa não existir.
Eu continuo sonhando como sempre. Às vezes é impossível medir a queda dos meus passos sem antes testar nada. Eu poderia tentar muito bem ficar - estático, inerte - por medo de cair num mar escuro, mas eu não tenho medo de molhar a barra da calça.
Já caí de tanto olhar pra cima, de tanto idealizar o paraíso. O fez com que eu não espalhasse minha cabeça pela calçada, foi o fato de o choro ser como um curativo para mim.
Eu sofri, mas hoje encontrei o que me faz bem.
Dizem pra mim que estou perdendo tempo da minha vida escrevendo tanto. É verdade, acho que estou. Acho que eu devia estar estudando, mas a única coisa que me agrada é isso.
Nunca fui bom em nada, e isso continua igual. Não sou bom nem no que eu mais amo. Já me acostumei, sempre foi assim.
Eu sempre fui sinuoso, nunca consegui me manter na linha por muito tempo. E por conta disso, acabei encontrando rápido demais tudo o que sempre precisei. Quem anda sempre na linha, deixa de viver. Quem anda sempre na linha perde o melhor.
Eu tracei linhas imaginárias que dividem a minha realidade da realidade dos outros. Eu gosto de viver no meu mundo. Gosto de ser lúdico, gosto de ser louco, gosto de ser insólito.
Eu prossigo, mas às vezes me acho muito novo para seguir. Da mesma forma, me acho crescido demais para andar olhando para trás.
Não preciso do passado, não preciso de saudosismo.
Porém, às vezes me dá medo.
Eu tenho tudo que sempre quis:
Uma casa, paz, uma família maravilhosa e amigos para todas as horas. Além disso, ainda tenho a menina mais perfeita do mundo ao meu lado. Mas eu sinto medo. Por mais que eu ame tudo isso, às vezes eu gostaria poder voltar a ser criança, queria voltar pros braços da minha mãe e ter certeza que um dia serei maior que o quintal de casa.

4 comentários:

  1. *-------------------------------------*
    pqp, me deu saudades dos MEUS tempos de criança. e, embora eu ache que não era isso que você queria enquanto escrevia isso, me deu compaixão.
    e eu acho muito lindo que você consegue fazer as pessoas entrarem nos seus poemas e se sentirem parte deles. eu sempre sinto.
    sucesso, muito sucesso!

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  2. Lendo isso me lembrou de alguns textos meus, me identifiquei demais.

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  3. "às vezes eu gostaria poder voltar a ser criança, queria voltar pros braços da minha mãe e ter certeza que um dia serei maior que o quintal de casa." sim sim

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