domingo, 9 de maio de 2010

Estepe.

Deitado, vejo o Sol transpassar a pequena janela de um minúsculo sótão, descomunalmente conhecido por lembranças nunca vividas.
De verso em verso, tento encontrar, agora, o caminho inverso para chegar em um lugar que nunca conheci, para que assim possa ouvir palavras tranquilizantes. Porém, tudo o que vejo é uma parede manchada com a silhueta que só diz palavras inóspitas ao meu coração.
Naquela pequena caixa, tranquei as minhas lembranças mais felizes, para nunca lembrá-las, já que elas só existem por conta de eu ter tantas lembranças ruins para enaltecê-las. Gosto de viver assim, triste. Na verdade, não gosto, mas me acostumei. Por um lado, é bom, já que só tenho em mim, a raiva que sinto por você.
Eu sempre senti demais, e gosto de pensar que as coisas que odeio são as que mais me motivam.
Sim, eu tenho mil motivos.
E eu tenho força de vontade.
Então, da próxima vez, toque coisas mais afiadas que as navalhas que foram atiradas de primeira, pois você precisará mais do que aquela insignificância para me ferir.
Com um lápis na mão, escrevo, no papel amassado, todas as pessoas que já perdi no flash do piscar dos meus olhos. Duas, três, cinco, sete, oito, nove. Nove. Nove pessoas.
O meu problema não é sofrer por amor, o meu problema é morrer de saudade.

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