domingo, 2 de maio de 2010

O rei, o Cão, o Verbo e a Árvore.

Os meus problemas são arquinimigos da minha fisiologia, eles vêm, - invisíveis, sem sombra alguma -, e de forma sutil, porém de maneira subitamente abrupta, ditam o fim de minhas sinapses.
Os problemas agravam-se. De certa forma, me enloquecem. Porém, acho interessante o contraste entre o meu Eu-passado, meu Eu-presente e o que pode vir a ser o meu Eu-futuro.
Perdido por saraus, me encontrei. Neles, desenvolvi capacidade suficiente para descobrir a pluralidade do ser. Devido a essa pluralidade, já me 'encontrei' em diversas personagens, embora a criatividade sempre tenha sido baixa. Na verdade, quatro. Quatro simples personagens que têm extremo valor sentimental para mim.
Um rei, um cão, um verbo e uma árvore.

Rei, extremamente dependente, extremamente parasita. Porém, extremamente nobre e adulado. Perfeito para expressar meu lado fútil do passado, mas não sou assim. Não mais.

Cão, igualmente dependente, diferentemente parasita. Talvez, igualmente adulado. Perfeito para expressar o que eu sou agora. Um cão que depende de terceiros para viver, mas mesmo assim importante para os íntimos. Da mesma forma, continuo deveras piegas.

Verbo, como terminarei se assim continuar vivendo. Creio que seja um raciocínio sem sentido e talvez apenas eu entenda. Um verbo, conhecido e necessário. Mas, praticamente sempre, flexionado, conjuado, interpretado de forma incoerente, errônea e indevida.

Árvore, minha personagem predileta. A minha forma perfeita de viver e morrer. Independente, belo e forte.

Pego-me pensando nessas hipóteses. Algumas, denotativamente impossíveis; outras, conotativamente possíveis.
Isso tudo é difícil. Entre linhas, procuro palavras tão sensíveis que não expressem tanta dor, mas acho impossível. Quero apenas ser sensato, ser direto, sem medo de ser o que sou.
Eu vivo, por falta de opção. Continuo procurando soluções para meus problemas. Todos os conselhos, guardo no coração (ou quem sabe no bolso).

Tudo isso: filosofia de sarau.
Eu sou apenas Arthur, apenas Bernardo, apenas Farias, apenas Carvalho.
Eu sou apenas um rei, um cão, um verbo, uma árvore.
Junto tudo numa coisa só e é isso que sou.

Quem dera eu, pobre leão, fazer parte da nação.

2 comentários:

  1. :O Deus, o que é isso? simplesmente perfeito! boquiaberto, sem palavras... parabéns!

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  2. AI ARTHUR! Quando eu penso que não tem como ficar melhor... Adorei, parabéns! :)
    @britishcookie

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