sábado, 12 de junho de 2010

Elevador de sonhos.

Eu criava na minha mente, meus monstros e minhas próprias soluções para por um fim neles, nem sempre eficazes, mas sempre perfeitamente compassadas entre meus escudos e espadas. Coisa de criança.

Quando criança, eu nunca medi as palavras ou os pulos do muro para o chão, nunca pensei que aquilo poderia resultar nas cicatrizes que carrego até hoje. Cicatrizes que talvez sejam mais dolorosas que essa dor que sinto aqui no peito há muito tempo.

A dor que sinto no peito ao lembrar de coisas que não vivi devido a minha estupidez, é de tamanho imensuravelmente colossal, porém ele doi infinitamente mais quando percebo as coisas de deixo de viver por me prender tanto ao passado.

O passado é passado. Já foi, passou e contradizeu o meu presente antes mesmo de chegar. Meu passado brilhou e se extinguiu, restando apenas a palpitante recordação de que em muitas ocasiões eu me sentira bastante próximo dos meus sonhos, mas nunca podendo saboreá-los. É como ouvir o compasso de uma música antiga, por mais que esteja próximo d'aquele momento, longe estou.

Guardo nas minhas gavetas uma droga excelente, extremamente forte, a base de ópio, para aplacar dores. Abstenho-me tão raro há meses, apenas o uso quando a dor física me é insuportavelmente mortificante. Sempre fui adepto disso, embora nunca tenha servido para suicídio.

Aos meus 14 anos, prometi-me uma coisa: Eu, apenas eu, sou digno de por fim à minha própria existência. Porém, antes de tudo, eu precisaria me desculpar de tudo aquilo que me arrependo. Então, dou início aqui:

No passado, penso ter deixado explícito todo o meu ódio por você, mas quero que saiba que alguém continua te amando aqui no elevador.
Voltando a toda a minha fase de criança, vejo minhas cicatrizes (muitas que você causou), mas eu sei o fim disso tudo.
No fim, o monstro sou eu mesmo.

2 comentários:

  1. muito bom, cara. Gostei do jeito que você se expressou e das palavras usadas.

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  2. Perfeito *-*. Vc se expressa muito bem atraves de seus textos

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