Romeu àquela noite, de frente pra TV, tentava assistir o Pôquer. Nunca fora fã de jogos de cartas, mas sempre fora um cara de fases. Numa dessas fases, apaixonou-se perdidamente, e talvez tenha sido a melhor fase da sua vida, a que mais durou, a que mais acrescentou-lhe algo. Mas depois de 15 anos, o fim chegou, por mais que Romeu fizesse, de propósito, o caminho tornar-se o mais sinuoso possível.
Romeu, velho e carcomido pelo tempo, arrepende-se do que não fez quando jovem. O arrependimento é clichê, já que sempre desejou morrer de amor e a paixão por Julieta nunca tenha sido suficiente. Ninguém jamais foi o suficiente para satisfazer Romeu, mas ele aprendeu a aceitar a vida como é. Poucos são aqueles que encontram um amor, continuam saudáveis e morrem com ele ao lado.
Aprendeu toda a relatividade que há na felicidade e que o amor não existe. Pra ele, o amor só existe na cabeça das pessoas e a amnésia constantemente põe fim nele. Romeu sempre desejou que o Alzheimer levasse embora as suas preocupações e angústias, mas este só faz o trabalho de tomar pra si o que há de bom nas pessoas.
Aqui jaz um triste palhaço - Na fase atual, Romeu só pensa em como será a sua morte. Olha para o seu fim de forma bem-humorada, ja que nunca foi bom com palavras a ponto de escrever um Haicai. Nunca foi bom em nada. Portanto, toda noite pede para Julieta sussurrar em seus ouvidos o quão importante ele é e foi. Julieta, com doçura, age como se amasse um homem doente. Julieta continua sendo doce, porém a doença que mais aflige Romeu cria a maior mentira do mundo para Julieta. Romeu agora é diabético.
Nossa ._. muuuito bom, mas triste D;
ResponderExcluir@camilakalel - Não sou uma amiga hipócrita minhas criticas são reais / esse não ta ruim mas ja teve melhores
ResponderExcluirGostaria muito de te recitar agora:
ResponderExcluirDe tudo ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.
Quero vivê-lo em cada vão momento
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento
E assim, quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama
Eu possa me dizer do amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure.
Triste, sim, mas eu gosto de coisas tristes.
ResponderExcluirEu não consigo escrever assim, com personagens, por isso admiro quem o faz. Ficou muito bom, adorei a metáfora, senhor Leão :)