segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Encerramento.

Deixei a barba crescer e os fios que me tomam o rosto lentamente perderam o ar de puberdade. O lóbulo, lentamente, foi alargado e o cabelo excessivamente grande e sem corte perdeu o lugar para um mais curto e bagunçado. As mutações físicas que sofri durante esse um ano que se passou pode às vezes passar despercebida, mas ela existe. Mudanças psicológicas eu também tive; drásticas, daquelas que te fazem ser irreconhecível. Passei a escrever mais e transformei todo aquele sofrimento numa melancolia mais tenaz, verdadeira e obscura. Ainda há muito de mim em tudo que eu escrevo. Ainda há muito do que eu escrevo em tudo que eu vivo ou viverei.

Eu andei falando sobre notas tocadas erradas, garotas certas com aspectos errados, gritos surdos, sussurros agonizantes, caminhos sinuosos e bifurcações que não levavam a lugar nenhum. Falei de verso em prosa e a prosa virou a poesia; poesia que, nesse meio-tempo, guardei no meu coração e faço o que posso para não meter minha mão peito adentro e arrancá-la de lá até não sobrar nada dentro de mim, apenas essa pulsação que por enquanto parece eterna.

Vejo coisas minhas e elas simplesmente não parecem mais minhas. Antes de morrer eu gostaria de saber se esse coração, pulsando involuntário, ainda é meu.

Peço as mais sinceras desculpas, mas por ora eu preciso de uma lobotomia, embora isso não me livre de viver. Talvez eu não tenha mais histórias pra contar.

Sim, isso é o fim (no mínimo é o prenúncio).

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