quarta-feira, 20 de abril de 2011

Deewa, o profeta. Pt 1 - mudanças geram mudanças.

Levanta, checa se tudo está no lugar, agradece às estrelas por mais um dia. Era estranho, mas de uma forma diferente. Não se importava em parecer comum, talvez fosse até mais comum que os padrões sociais. Ele queria estar em outro plano e assim o fazia. Era espiritualmente superior a todos que conhecia. Deixou a barba crescer por um tempo e foi apelidado de muçulmano embora viesse de família européia e não passasse de um polaco com bochechas rosadas pelo sol inevitável e escaldante da cidade do Rio de Janeiro.
Criticava, mentalmente, todas as pessoas a sua volta que, persistindo nos próprios erros (e também nos erros alheios que viam e pareciam não notar), continuavam a viver de olhos fechado. Era tudo em sua mente, pois ele sabia que para escapar de todos os problemas, bastava carregar um sorriso no rosto, mesmo que claramente seus olhos denunciavam um estado sentimental contrário. Alegria (ou felicidade) para ele era relativa e bastava estar bem para se sentir bem. Tinha pensamentos difíceis e justamente por isso julgava-se superior, mas acima disso, mantinha a humildade acima de tudo. Até emagreceu para mostrar que mesmo com comida escassa e usufruindo apenas do necessário, ele poderia viver. Na infância, viu nos desenhos fascistas da disney, que "Necessário, somente o necessário, o extraordinário é demais". O capitalismo, em sua opinião, às vezes servia para ensinar muitas coisas, embora ele fosse contra muitos valores dessa exaltação de capital.
Por um tempo acreditou em mágica, no I-ching, na bíblia, em tarot; por um tempo, execrou hitler, jesus, buda, elvis, os beatles, bob dylan e até mesmo antigos líderes de Estado. Ele já tinha amado tudo aquilo e, da mesma intensa forte, odiado. Se aquilo não servia para fazê-lo bem, ele não precisava se preocupar, bastava manter a alma limpa. Ele, acima de tudo, acreditava em si mesmo e talvez seja esse o ponto principal da história. Ele sempre correu atrás do que queria, mas por pura preguiça, desistia de coisas tão grandiosas quanto invenções que revolucionaram o mundo.
Com alguns centavos se sentia bem, mesmo se em lugares desconhecidos. Sentia-se em casa em qualquer lugar e, certa vez, seu corpo fora encontrado perto de um lago, num campo aberto, mas afastado de todos. Em seu peito havia o envelope com os seguintes dizeres:

Eu não gosto de viver com os mesmos ideais para sempre. Tudo muda e, perdidos ou não, devemos nos encontrar em nossas próprias mutações que, condicionadas a nós, nos tornam exclusivos. Talvez eu seja um pouco de neglicência ou qualquer outra merda, mas, em meu apartamento, na terceira gaveta do armário, debaixo das cuecas e meias, estão todos os meus pensamentos que presumo que sejam importantes para a construção de um novo mundo. E eu falo sério, já que não escrevo por escrever. Se fosse assim, eu repetiria frases que já foram ditas

Ele procurava se encontrar, mas vivia em fuga.

3 comentários:

  1. Ficou bem pessoal leão.Você consegui passar bem a imagem "dele",na mente pareceu uma lembrança. O perfil do descrito é similar a um conhecido sem muita intimidade,mas que marca por suas idéias.Eu gostei bastante do texto :)

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  2. à princípio eu imaginei você, depois eu vi as características do personagem se diferenciando das suas.. Incrível, esses dizeres dele no final. Adorei. E concordo rere

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  3. Opa, senti influência Lennoniana da música "God" hein HAHAHAHA

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