sexta-feira, 10 de junho de 2011

S.O.S

Difícil é viver num quarto de pensão e estar livre de pensamentos. Não moro aqui porque quero, estou aqui por pura falta de dinheiro. Nunca fui de trabalhar por pensar que seria escravizar-me. Todo trabalho é escravo se levarmos em conta que sempre tem alguém obtendo mais lucro que nós. E o que é o lucro? Uma satisfação irreal.

Triste ver tantas formigas ao horizonte, sem por que, trabalhando para cigarras que estão mais preocupadas em viver a cantar e cantar e cantar em plena pseudoimpavidez. Mas nessa história a cigarra nunca se dá mal no final. O que me tranquiliza é ter consciência de que toda essa pseudoimpavidez é uma máscara para uma preocupação sem fim. No fundo, eles estão se borrando de medo, pois sabem que precisam dos "inferiores" para estarem bem. Eles são tão dependentes e ninguém percebe. Bom, se têm tudo, que ao menos não tenham paz de espírito. Enquanto uma minoria de maus ganha cada vez mais, uma maioria de bons está de braços cruzados, dizendo que a massa é ignorante. Mas não é. A massa não é ignorante. Nem de longe. A massa é ignorantizada. Consegue ser ignorantizada por uma minoria ínfima, que não tem valor algum, que não preza pelo bem comum. Não acredito nessa de "cada um carrega a sua cruz", foda-se a cruz, o mundo não é "cada um na sua", carregar uma cruz resultará numa crucificação. Isso aconteceu com o 'salvador" e ninguém tomou como exemplo.

Hoje, domingo, dia de missa, praia e céu azulzinho, dia de descansar, abro o jornal e vejo sangue. Como pode isso acontecer até no dia de descanso da maioria?

Eu na condição de vetor tento infectar meus conterrâneos terráqueos com o que possivelmente deixaria tudo mais em paz, mas me parece que a infectologia não cobre infecção de sabedoria. Já desisti e agora procuro por uma transmutação. Estou tranquilo. Estou querendo ir a outro plano e procurar por algo que me agrade nesse mundo. É confuso, não sei o que eu quero, mas sei o que eu não quero. Infelizmente, minhas transmutações nunca são eficazes, já me tornei macaco em domingos glaciais e até mesmos atlantas colossais que eu não soube como utilizar.

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"Quem foi que disse que a vida é uma competição? A mídia? Daqui a pouco é marido contra mulher, irmão contra irmão e por aí vai. [...] A minha pobreza é a minha riqueza, sabe? E nessa sociedade competitiva, a minha derrota é a minha vitória" (Eduardo Marinho)
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Por enquanto, eu, único a obter a carta de alforria, hoje na condição de liberdade, não consigo viver em um lugar onde todos são prisioneiros. Tem tanta estrela por aí e eu emancipado nesse mundo tão fechado. Sei que tenho muita coisa para conhecer e me tornar grande, então, por favor, me tirem daqui. Alguém chame o moço do disco voador e diga que já cansei de jogar.

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