quarta-feira, 27 de julho de 2011

A Caverna - A libertação e as Sombras, pra quê?

Há coisas que nunca entenderei. Mesmo que eu conheça a divisão entre mundo sensível e mundo inteligível, Platão me põe a pensar até nas coisas mais singelas da vida. Conheço as sombras, sei o que sinto. Sei mas não compreendo. Até quando julgo conhecimento de tudo, as coisas tomam um rumo diferente. Nada me parece claro, muito menos distinto.

Eu tenho o costume de me perder. Quando criança eu fugia se deixassem a porta aberta, mas sempre encontrava o caminho de casa no fim. Esse é um dos fatores que me faz pensar que se algo não deu certo, devo esperar, pois ainda não chegou ao final.
Até hoje eu tenho essa mania de me perder, embora diferente. Me perco na minha própria mente: o que causa muita irritação nos outros, pois sempre têm que falar a mesma coisa comigo umas três vezes. Sempre tomo o caminho mais longo para chegar em algum lugar, gosto de andar, gosto de estar sozinho, gosto de estar acompanhado. Nunca vou me entender.

Eu nunca vou entender os 365 dias do ano; as verdades incontestáveis que todos os dias nos são ditas e, mesmo incontestáveis, alteram-se de maneira surpreendente diante os olhos de todos e todos fingem não ver; com as lojas de perfume têm sempre o mesmo cheiro; e como os salões de beleza também; não compreendo as noites insones por angústia; as noites insones por tristeza; as noites insones por saudade; as noites insones em geral; o que acontece com nosso organismo quando nos apaixonamos por alguém, do sexo oposto, do mesmo sexo; a maneira como o pó de café perde todo o seu aroma depois de coado; reações químicas; nossa crueldade não notada quando matamos uma formiga que sobe pelo nosso corpo; nosso choro quando perdemos um ente querido, mesmo que a morte esteja presente na nossa vida desde nosso nascimente, sendo vista como algo normal; pronde as pessoas vão depois de que morrem, desligam o telefone ou simplesmente somem do meu campo de visão; não entendo o tempo, nem o espaço, nunca compreenderei as leis da físicas.

Eu não me sinto apto a descobrir o que ninguém faz idéia do que seja. E, acima de tudo, eu nunca compreenderei por que sorrio quando você sorri.

4 comentários:

  1. sempre vejo um pedaço de mim em seus textos, acho que por isso gosto tanto, fora que ocê escreve bem pra caramba e sim, belo desfecho.

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  2. Afinal, nós só entendemos aquilo que tem um ponto final. Conhecimento já esclarecido, feito, dado. Mas - como entender aquilo que se renova todos os dias? Não se entende. Ninguém se entende. Não há como por um ponto final e dizer: "é isto". Não há como descrever uma pessoa que vai viver mais alguns minutos, descobrir novas coisas, ser outra coisa.

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