A cada 5 minutos eu ouço alguém a me chamar num grito quase inaudível, tão abafado que, minimamente maior meu grau de desatenção, não ouviria. Queria ser surdo então.
A cada 5 minutos eu percebo que gradativamente o meu ar vai embora. Falta oxigênio a ponto d'eu mal ver o que acontece ao meu redor devido a tanta atenção prestada ao processo de respiração. Se eu pudesse reescrever essa frase sem metáforas, eu utilizaria outra: Meus deveres me sufocam. Mas aí não seria uma prosopopeia? Foda-se.
A cada 5 minutos eu penso nos momentos que acabaram com o restante da minha esperança na vida e, aqui sentado, ao ouvir o telefone tocar, choro e pergunte o que é que eu to fazendo com a minha vida. Por que os meus sentimentos bons cismam em fugir de mim? Cadê a tua voz dizendo que me ama mais uma vez?
A cada 5 minutos perco o equilíbrio e dou de cara na parede, bebo saudade, bato com o dedinho no pé da mesa, tenho acesso de tosse, perco o fôlego, insisto em pensar na vida pra levar, percebo que da vida nada se leva, tenho uma crise, perco as saídas, reencontro o fim do túnel, tenho uma vertigem, me arrepio. E então, a cabeça dói.
-
A voz que me chama sou eu mesmo. Alguém me tira do perigo.
-
Quem dera eu pudesse transformar minha mente em um fichário para então dividi-la em várias divisórias diferentes. Tudo seria mais organizado, eu poderia viver uma coisa de cada vez. O sistema se acha no direito de nos fazer viver em correria, atropelo atrás de atropelo. Nós, bobos, aceitamos isso como o normal, afinal... é assim que a vida é.
Resolvi desistir de vez.
Não sei cuidar de mim.
Vou cuidar de quem eu amo.
Moça, por favor, cuida de mim também.
"Não sei cuidar de mim.
ResponderExcluirVou cuidar de quem eu amo", que lindo.
"Saudade é pra quem tem"
ResponderExcluir