domingo, 10 de julho de 2011

Pra ver se des-surto

A cada 5 minutos eu ouço alguém a me chamar num grito quase inaudível, tão abafado que, minimamente maior meu grau de desatenção, não ouviria. Queria ser surdo então.

A cada 5 minutos eu percebo que gradativamente o meu ar vai embora. Falta oxigênio a ponto d'eu mal ver o que acontece ao meu redor devido a tanta atenção prestada ao processo de respiração. Se eu pudesse reescrever essa frase sem metáforas, eu utilizaria outra: Meus deveres me sufocam. Mas aí não seria uma prosopopeia? Foda-se.

A cada 5 minutos eu penso nos momentos que acabaram com o restante da minha esperança na vida e, aqui sentado, ao ouvir o telefone tocar, choro e pergunte o que é que eu to fazendo com a minha vida. Por que os meus sentimentos bons cismam em fugir de mim? Cadê a tua voz dizendo que me ama mais uma vez?

A cada 5 minutos perco o equilíbrio e dou de cara na parede, bebo saudade, bato com o dedinho no pé da mesa, tenho acesso de tosse, perco o fôlego, insisto em pensar na vida pra levar, percebo que da vida nada se leva, tenho uma crise, perco as saídas, reencontro o fim do túnel, tenho uma vertigem, me arrepio. E então, a cabeça dói.

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A voz que me chama sou eu mesmo. Alguém me tira do perigo.
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Quem dera eu pudesse transformar minha mente em um fichário para então dividi-la em várias divisórias diferentes. Tudo seria mais organizado, eu poderia viver uma coisa de cada vez. O sistema se acha no direito de nos fazer viver em correria, atropelo atrás de atropelo. Nós, bobos, aceitamos isso como o normal, afinal... é assim que a vida é.

Resolvi desistir de vez.
Não sei cuidar de mim.
Vou cuidar de quem eu amo.
Moça, por favor, cuida de mim também.

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