domingo, 18 de setembro de 2011

349

Uma garota que, de tanto pensar, pesou. Ganhou quilos; pesou enormemente a consciência; mais angústia. Iludida pelo amargo da vodka que bebia pra manter limpo o coração, experimentou o doce agudo da solidão. E era viciante, mais que os cigarros pra "expulsar o tédio" cuja fumaça, tão livre, era objeto de inveja. Ela queria voar pr'onde deus quisesse, assim como aquele fumo.

A maquiagem forte a iludia, passava um ar falso de superioridade, apenas existente em sua mente perdida. Ela não sua batom nem salto alto, não era adepta às "coisas de putinha adolescente", se enganava, sofria por homem e se julgava maior que o amor.

Era interessante aquela menina; xingava o sistema e usava as mesmas drogas que eu. Nós passamos a nos amar, afinal odíavamos as mesmas coisas.

Hoje, separados, não enxergo mais toda aquela vida nela. Ela nunca teve sua liberdade, parou de estudar porque "a escola é uma lavagem cerebral que, pouco a pouco, denigre nossos neurônios". Agora, vara a noite pelas ruas, carregando em suas costas um recorde: 349 reais.

Meu maior amor valia 349 reais.

2 comentários:

  1. Incrível seu poder de fazer as pessoas viajar num simples texto. Poucos conseguem isso, parabéns.

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