quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

O suicídio em sonho.

E foi naquele momento em que ele se sentiu aliviado. Sentiu que não viveu em vão. Sentiu que por mínimos que fossem os seus atos, havia mudado a vida de pessoas.
E foi naquele quarto. No quarto aonde tudo começou. Histórias de amor, histórias de dor, histórias de raiva, histórias de angústia. No quarto aonde ele descobriu como funcionam os sentimentos. 'Quarto dos sentimentos' era como ele gostava de chamar. Era como ele brincava, e em seus poucos momentos risonhos, se referia ao humilde quartinho.
No 'Quarto dos sentimentos foi onde chorou pela última vez em sua vida.
Ele conferiu a temperatura do metal. Estava gélido. A faca que arrancaria sua vida era fria como gelo.
Um movimento demorado. E enfim, o punhal perfurou-lhe o peito e atingiu o seu coração. A dor era insuportável. O filme de sua vida passou na sua mente. Foi rápido, detalhado e triste. Ele caiu. Despencou para o chão. O peito sangrava, a dor mais insuportável que sentiu na vida. Mas logo veio o alívio. O doce abraço da morte que ele tanto almejava. Ele olhou em direção a parede, viu a foto antiga que havia pendurado, a foto que mostrava o amor de sua vida. A foto em que ele estava abraçando a sua ex-namorada, a pessoa mais especial que já havia passado em sua vida, sorrisos largos nos rostos juvenis. Foi assim então, seu último sorriso, o mais sincero de sua vida. A última lágrima, a mais amarga de sua vida.

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