domingo, 6 de junho de 2010

Nada muda (I don't belong here).

Ele não dormia havia dias, passava horas olhando para o relógio na parede, parado, esperando por qualquer coisa. Ansiedade, saudade, rancor, dor, felicidade, qualquer sentimento que batesse em sua porta e trouxesse consigo o mínimo sinal de inspiração.

Ele fazia de tudo para esboçar alegria, mas o seu sorriso já fora tomado há muito tempo. Seu coração já não batia como antes, pois já não mais amava, já não mais odiava. Ele continuava, afogando as mágoas pela angústia que é não sentir nada. Nas palavras, encontrava seu prazer, o mundo, a vida, a morte; encontrava a si mesmo.

- Talvez isso seja o meu melhor. - Disse, certa vez.
- Isso não é talento, garoto. DESISTA!

Seus olhos encontravam-se escondidos atrás das mãos, pois a vergonha agigantara-se a ponto de não permitir que suas lágrimas fossem vistas.

Um dia, após ter fugido para longe de tudo, estava sentado naquele mesmo lugar de sempre, que lembrava sua infância. Ele não tinha a mínima ideia do que estava fazendo ali, talvez procura-se alguma explicação para tudo. Ele não sabia o que fazer, mas sabia o que sentia... Nostalgia, decepção e tristeza. Lembrou-se do que foi dito; lembrou-se da vez em que disseram que ralés não se encontram na vida e que o destino dele seria o nada.
Uma sombra passou acima dele, por um milésimo de segundo pôde sentir um vento estranho passar por ele. Era o vento do verão chegando, o vento que levava as flores, que levava os amores.
Olhou para o céu e viu um bando de pássaros voando, podiam ser pássaros voando para o Sul, mas não eram pássaros quaisquer.
Ele olhou o bater de asa dos urubus e viu que até as mais sórdidas e imundas formas de vida podem ser belas fazendo o seu melhor.
- Eu sinto que sei que sou um tanto bem maior.

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