quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Clarisse.

Sempre há uma desafinação que rompe o silêncio, mas o que se propagava não eram notas desafinadas ou mal tocadas, eram os soluços de Clarisse; soluços tais que os pedestres, em meio ao caos do trânsito diário, podiam ouvir cada acorde suplicante; suplicava, diferente de todos os outros, por qualquer coisa nova, por qualquer estabilidade.

Clarisse caiu ao chão em tempo de flores, abandonada no jardim inglês da vizinha, onde ela esperava por uma primavera capaz de curar as tristezas que corroíam o seu interior oco de violão. Passou a tocar notas aleatórias, tentando chamar atenção de algum novo amor.
Clarisse era um violão e fora abandonada por seu músico depois de oito anos juntos.

E, assim como nós, um choro percorre todo o interior oco de um instrumento quando as coisas não estão certas. Basta a morte de seu compositor, basta a morte do amor. A única é diferença é que os instrumentos continuam a cantar, pois sabem que o amor nunca morrerá.

Um comentário:

  1. O amor não é uma música com algumas notas... é uma sinfonia inteira... Nem todos conseguem comandar uma sinfonia... Mais podem fazer parte dela... Não é preciso ser um instrumento para saber que o amor nunca morrerá, e sim, um principiante violonista... O amor, assim como a arte de tocar violão, se aprende com erros e acertos... O grande amor acontece quando se alcança a nota mais difícil da canção... O amor , assim como o violão, não se toca sozinho... E acredite... Sempre exitirá alguém a espera de uma trilha sonora...

    Lindo texto...sem mais...

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